Depois de quase seis anos de interrupção, o horário de verão pode voltar a partir deste ano no Brasil. O tema será discutido e decidido nesta terça-feira, 15, pelo Ministério de Minas e Energia. O ministro Alexandre Silveira se reúne com a equipe técnica no prédio da pasta em Brasília para definir a questão.
Entre os fatores, estão a estiagem, a crise hídrica e as projeções climáticas para o fim do ano, incluindo a análise se o regime de chuvas será suficiente para estabilizar os reservatórios de geração elétrica, em especial na região centro-oeste do país, já que a principal fonte de energia do Brasil é a hídrica.
A medida só será adotada se for imprescindível para a economia de energia. De acordo com o ministro, este é um tema transversal, que não pode ser analisado apenas do ponto de vista econômico, mas também levando em conta a necessidade da sociedade e do setor produtivo. Segundo o ministro, dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) mostram que o país vive a pior crise hídrica dos últimos 73 anos.
Para a economia
Segundo estudo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a adoção do horário de verão poderia resultar em uma economia de R$ 400 milhões em 2024. Este número pode se ampliar, atingindo R$ 1,8 bilhão ao ano, se a decisão for prorrogada para 2026.
Este potencial de economia é atribuído ao melhor aproveitamento de energias renováveis, como solar e eólica, e à redução da demanda energética nos horários de pico, que pode ser reduzida em até 2,9%.
“Essa economia, mesmo parecendo pequena, acaba sendo importante, especialmente em alguns picos de horário”, destaca a economista Fernanda Sindelar. De acordo com a especialista, a ideia é que as pessoas utilizem mais a luz do dia.
A profissional destaca que durante determinados horários isso acaba não influenciando, e impacta de forma mais significativa no final da tarde, a partir das 19h. “Em termos de vantagens, a principal delas está associada justamente à ideia de economia de energia e isso vai impactar na questão de custos”, destaca a economista.
De acordo com Fernanda, outra vantagem é para o setor de varejo, já que a mudança de horário faz com que as pessoas circulem nas ruas por mais tempo, especialmente na época de fim de ano. Ainda, afirma que, com o dia mais longo, muitas pessoas adotam o hábito de praticar mais exercícios ao ar livre, se dedicando aos cuidados da saúde. Por outro lado, a mudança de rotina também pode ser vista como prejudicial e, ainda, fazer com que as pessoas durmam menos.
A especialista comenta que os baixos níveis nos reservatórios hídricos não significam uma crise energética já para este ano, mas a medida é tomada por precaução.
Sobre a medida
Horário de verão é a prática de adiantar os relógios uma hora entre os meses da primavera e do verão, com o alegado objetivo de economizar energia nas regiões que mais recebem luminosidade solar nesse período do ano. A medida foi extinta em 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro.
Enquete
Foram entrevistadas pessoas que circulavam pelo Centro de Lajeado nessa segunda-feira, 14. Confira depoimentos AQUI.