Sobre o que fala o livro?
A obra é formada por poesias escritas ao longo de mais de dez anos. Tem temas variados, que refletem ciclos de vida, relacionamentos, sentimentos, emoções, é algo pessoal, e ao mesmo tempo, absolutamente universal. Ele é voltado ao público adulto e é todo escrito em primeira pessoa. O livro é bem solto, sem categorizações e delimitações, porque, para mim, a poesia constela a ‘transicionalidade’ que existe entre a fantasia e a realidade, entre o mundo interno e o mundo externo.
Por que escolheu esse título para a obra?
Eu sou psicóloga especializada em terapia de casal e família, então, em muitas sessões, chegava um momento em que eram tantos sentimentos que ficava um silêncio no consultório. ‘Elefantes voavam na sala’, eram assuntos complexos, sentimentos que existiam, mas que eram difíceis de lidar e reconhecer. Por isso escolhi esse nome para o livro, acho que a poesia traz muito disso. Tem coisas demais voando à nossa volta e, não importa o tamanho, se é um elefante ou um ratinho, a gente não vê.
Quais outros livros já publicou?
Esse é o primeiro de poesia, foi um gênero que aprendi a gostar lendo. Sinto que a poesia serve muito como um esquema mental daquilo que estou sentindo e vivendo. Penso que tudo e todo dia é motivo de fazer poesia. Protelei a publicação dessa obra por muitos anos, mas em 2024, tomei coragem. Meu irmão faleceu no início do ano, e achei que essa seria talvez uma forma de continuar, dar o primeiro passo de algo importante para mim. Eu já tinha publicado um livro em 2009, o romance Os Segredos de Serena e já participei de duas antologias, “Tudo no mundo começou com um sim” e “Do que antes nunca tarde”. Sempre fui apaixonada por Paraty, já tinha visitado o Festival no passado e estar lá de novo, e dessa vez, como escritora é uma realização pessoal.
Em quantos lugares diferentes já morou?
Eu nasci e cresci em Colinas, no Vale do Taquari. Morei anos em Lajeado, trabalhei como psicóloga no Ceat e no Martin Luther. Já morei na Venezuela, no Rio de Janeiro, em São Paulo, Brasília e, hoje, moro em Florianópolis. Mas todo mês eu vou a Colinas visitar minha mãe. Acho que posso dizer que sou uma cidadã do mundo.
Você sempre gostou de escrever?
Sim, na escola gostava de fazer redações. Escolhi uma profissão que tem ligação com isso, ao longo da minha carreira fiz muitos laudos, escrevi muitos diários. Me tornar escritora era algo que passava pela minha cabeça quando eu era mais nova e foi em 2006, no tempo que passei na Venezuela, que me reconectei com a escrita num geral, passei a ler mais literatura e a escrever. Escrevi por anos em um blog na internet, que ainda está no ar.
Quais são as próximas obras?
Eu tenho vários projetos em mente, mas ainda não têm data. Durante a pandemia, passei muito tempo com a minha mãe em Colinas e, juntas, cultivamos um jardim. Tenho escritos sobre essa experiência, acho que no futuro deve se tornar uma das obras.
Você também pinta quadros, certo?
Sempre gostei de arte, de museus, galerias… Quando me mudei para Floripa, me formei num curso de Arteterapia, e comecei a pintar telas grandes. Eu jogava tintas como Jackson Pollock. As obras eram uma espécie de manifestação do meu inconsciente. Eu sempre vi a arte como um processo de terapia. Fiz várias exposições dos quadros, hoje eu ainda pinto de vez em quando, faço cerâmica, escrevo, leio, estou sempre envolvida com a arte.