Se em 2020, a pandemia foi apontada como principal fator para o aumento no índice de abstenção nas eleições municipais, o pleito de 2024 ainda não tem um diagnóstico definitivo. Mas os 16,46% que faltaram às urnas no domingo na região mostram que a descrença da população com a política e os partidos segue grande.
Situações como a migração de pessoas após as enchentes nas áreas mais atingidas da região e o atraso na votação, sobretudo durante a manhã de domingo, 6, quando diversas cidades relataram problemas em urnas, também contribuíram com a alta na ausência.
Ao todo, 48.609 dos 295,1 mil eleitores aptos não compareceram aos locais de votação. Uma alta de pouco mais de 10% em relação aos 44 mil que optaram por não votar há quatro anos. Esse percentual vem em alta nos últimos pleitos municipais. Em 2016, por exemplo, a abstenção foi de apenas 9,86% no Vale.
Dos 38 municípios da região, conforme o levantamento, dez registraram queda na abstenção na comparação com 2020, com destaque para cidades como Colinas, Encantado, Estrela e Taquari, que sofreram com impactos das enchentes recentes. Porém, todas foram reduções tímidas, sem grandes variações.
Por outro lado, nas demais 28 cidades da região, a ausência de eleitores no dia da votação cresceu. Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Muçum e Roca Sales, por exemplo, tiveram altas expressivas. No caso da última, passou de 732 para 1.279 de eleitores faltantes em quatro anos. Desde setembro de 2023, o município enfrenta uma migração de moradores para outras localidades, em virtude da cheia.
Um quarto do eleitorado
O maior percentual de abstenção nas eleições municipais pelo Vale está em Lajeado, onde quase um quarto dos eleitores aptos não votaram no domingo (24,49%). São 15.703 pessoas que abriram mão do direito do voto. Em 2020, o percentual foi de 23,50%, enquanto em 2016 o índice foi bem menor, 13,99%.
Na sequência, as maiores abstenções foram registradas em Estrela e Taquari. Já os municípios com maior comparecimento de eleitores nas urnas foram Canudos do Vale, com 4,31%, Vespasiano Corrêa, com 5,88%, e Forquetinha, com 6,08%.
Em cidades com baixo número de eleitores, o número de abstenções pode ser decisivo numa eleição. Poço das Antas, por exemplo, teve o pleito decidido numa diferença de apenas 37 votos entre Glicério Junges (MDB) – eleito – e Vânia Brackmann (PDT). No município, 185 pessoas não votaram.
No país
A abstenção no país teve um leve recuo na comparação com 2020. Ao todo, cerca de 34 milhões de eleitores não foram às urnas nos 5.569 municípios brasileiros, um percentual de 21,71% de pessoas que precisarão justificar o voto.
Em 2020, o percentual foi de 23,15% de eleitores. A eleição municipal daquele ano chegou a ser colocada em xeque e, posteriormente adiada em pouco mais de um mês, em virtude da pandemia de covid-19.
