Mulheres à frente em Lajeado e Estrela

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Mulheres à frente em Lajeado e Estrela

As eleições municipais renderiam diversas manchetes. Os prefeitos não reeleitos. As novidades e surpresas na composição das próximas câmaras legislativas. A alta abstenção dos eleitores. As máscaras em meio aos festejos etílicos. Os impactos das enchentes nas urnas. Enfim.

São diversos os fatos e curiosidades a serem analisados durante o momento mais sublime – e tenso – da nossa democracia. Mas eu  reservei esse nobre espaço para destacar a vitória das mulheres. Duas das principais cidades do Vale do Taquari serão comandadas por  mulheres. É um fato inédito. Em Lajeado, a seriedade de Gláucia Schumacher (PP) foi escolhida pelos lajeadenses para comandar o  maior orçamento da região. Em Estrela, a população escolheu a ex-primeira dama Carine Schwingel (União Brasil) para ser a primeira gestora da história daquele município. Em Paverama e Dois Lajeados, outras duas mulheres foram eleitas. Ainda é pouco, é bem  verdade. Afinal, são 34 prefeitos e só quatro prefeitas eleitas. Mas é um avanço frente ao pleito anterior. E tomara que sirva de  inspiração a outras mulheres que sonham e precisam fazer parte da gestão pública municipal.

PP de Lajeado perdeu 8,1 mil eleitores

A vitória do mesmo grupo que governa Lajeado tem
um ingrediente indigesto aos Progressistas. Entre 2020 e 2024, a sigla perdeu 8,1 mil eleitores. Um número expressivo e que serve de alerta para quem ainda não entendeu o recado das periferias. Na eleição passada, Marcelo Caumo (PP) foi reeleito com 29.719 votos,  enquanto Gláucia Schumacher (PP) venceu o pleito de ontem com 21.535. Por outro lado, o MDB contabilizou quase 10 mil votos a  mais se comparado ao pleito de quatro anos atrás, passando dos 9.950 votos de Márcia Scherer (MDB) para 19.932 de Carlos Ranzi  (MDB). E mais. Se somados os votos de Ranzi e Sérgio Kniphoff (PT) em 2024, o PP perde. Ou seja, uma vitória apertadíssima de  quem já está há oito anos no comando da máquina pública.

Altmann e Eckert outra vez

Renato Altmann (PSD) desbancou um ex-prefeito, Jonatan Brönstrup (PSDB), o atual prefeito, Celso Forneck (PDT), e a atual vice-prefeita, Aline Köhl (PL). Uma vitória incontestável por parte de quem mirou nas propostas e não caiu em provocações ou picuinhas. Experiente político, o também ex-prefeito vai para o terceiro mandato e tem como principal missão manter o município de Teutônia no radar das empresas e trabalhadores que buscam um porto seguro para prosperar. Por sua vez, Sidnei Eckert (MDB) fez valer o próprio capital político, derrotou a força da máquina pública em Arroio do Meio, e também vai encarar com justiça o terceiro mandato como  chefe de Executivo.

Schneider precisa entender a derrota

Além da continuidade do governo, Elmar Schneider (MDB) tinha mais desejos em jogo. Ex-deputado estadual, o emedebista nunca confirmou, mas também nunca rejeitou as projeções de ser candidato em 2026. Com a derrota no pleito estrelense, porém, os anseios  políticos do futuro ex-prefeito sofrem um baque considerável. Acima de tudo, será preciso entender a derrota. Afinal, e mesmo com a  atração de novas empresas, ele não conseguiu traduzir os bons feitos em votos.

Jonas é “reeleito”

Atual chefe do Executivo de Encantado, Jonas Calvi (PSDB) foi eleito pela primeira vez como prefeito. Apesar de concorrer à  reeleição, Calvi era candidato a vice-prefeito em 2020. O titular eleito, Adroaldo Conzatti (PSDB), morreu nas primeiras semanas de  governo e o bastão caiu no colo do novo tucano. Desta vez, Calvi já iniciará a gestão como o gestor público escolhido pelo eleitor. E  isso pode representar uma responsabilidade ainda maior ao (agora) prefeito eleito.

Tiro curto

  • Em Lajeado, a professora Rosane Cardoso (PT) fez história. É a primeira vereadora negra na história do município fundado há 133 anos. E será a única representante da esquerda no plenário.
  • O MDB se consolida com o maior número de prefeituras no Vale, 15. Seguido pelo PP (10); PDT (3); PL (2); PSD (2); PSB (2); União Brasil (1); PSDB (1); Republicanos (1); PRD (1); PT (1).
  • O PL elegeu três vereadores em Lajeado; dois em Estrela; 1 em Teutônia; e 1 em Arroio do Meio.
  • Esposa do ex-prefeito Maneco (PT), Angélica Hassen (PT) foi eleita vereadora em Taquari.
  • Vereadora mais votada em 2020, Andressa de Souza (MDB), a popular “Yê”, não conseguiu se reeleger e ficou na suplência em  Encantado.
  • Prefeito de Estrela, Elmar Schneider (MDB) votou sem brilho. Até o fotógrafo da equipe de comunicação, que foi até o local de  votação no horário acordado, não o encontrou.
  • De acordo com a assessoria de comunicação do PP, Gláucia Schumacher (PP) evitou o encontro com Carlos Ranzi (MDB) no momento do voto, na sede da Univates.
  • Em depoimento ao Grupo A Hora, um pouco antes de se dirigir à urna, Sérgio Kniphoff (PT) aproveitou a vitrine para salientar que voto útil é “votar no candidato mais preparado”. Claramente ele tentava impedir a migração dos próprios eleitores para a coligação de Carlos Ranzi (MDB).
  • Também em Lajeado, 15.703 eleitores não compareceram às urnas. Isso significa 24,4% do total. Se somarmos aos votos brancos e nulos, são 18.417 lajeadenses que não escolheram nenhum dos três candidatos. É quase um terço do eleitorado. É muito voto.
  • Em tempo, uma boa notícia: quem apostou e se lambuzou com a propagação de fakenews de forma sistemática e organizada perdeu  nas urnas. Que sirva de lição na hora de escolher as trincheiras.
  • A forma como o prefeito de Lajeado se dirigiu a dois competentes e dedicados profissionais do Grupo A Hora após a vitória de  Gláucia – em frente a outros repórteres e (claro) em meio aos eufóricos correligionários – não merece mais do que três linhas. Não  condiz com a postura exigida de um chefe de Executivo que ainda almeja voos maiores na política. Ah, e a ética, o respeito e a  seriedade jornalística definem que as ofensas proferidas pelo “Patrola” são impublicáveis.

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