Em duas cidades da região, basta um voto para eleger novo prefeito

ELEIÇÕES 2024

Em duas cidades da região, basta um voto para eleger novo prefeito

Travesseiro e Nova Bréscia experimentam uma eleição atípica após disputas acirradas no passado. Chapa única não é uma novidade na história do Vale, com situações semelhantes registradas nos últimos 30 anos

Em duas cidades da região, basta um voto para eleger novo prefeito
Barbieri e Southier: em comum, a quantidade de votos que precisam para se reelegerem
Vale do Taquari

Basta receber um voto e, no próximo domingo, 6, dois candidatos a prefeito da região já podem preparar a comemoração de um novo mandato. Com apenas uma chapa majoritária registrada para o pleito, são cidades que vivem uma campanha eleitoral diferente. Sem o clima acirrado e, por vezes, bélico de outrora, agora respiram um ar de tranquilidade.

Se em 2020, três chapas disputaram o pleito em Nova Bréscia, desta vez Angelo Barbieri (PP) concorre sozinho. Adversários em 2020, MDB e PDT preferiram lançar apenas nominatas à câmara de vereadores. Com isso, Baixinho, como é conhecido, já sabe que, ao apertar o número de seu partido na urna no domingo, já estará eleito.

Situação ainda mais curiosa vive Travesseiro. Gilmar Southier (MDB) concorre a reeleição e, dos 13 candidatos a vereador – menor número da região –, dez são do PP, partido que integra sua coligação. Os outros nomes são do PSB, sigla que já governou a cidade em outras eleições, mas que não apresentou chapa majoritária este ano.

Eleições com chapa única não são uma novidade na história do Vale do Taquari. Em alguns anos, o número de cidades com apenas um candidato foi até maior – chegou a cinco em 1996. Os motivos que fazem este fenômeno se repetir são diversos. Vão desde a tentativa de um consenso entre os partidos até a dificuldade das oposições se articularem, em locais onde o prefeito vai a reeleição.

Manutenção da paz

Conforme o cientista político Fredi Camargo, a definição de candidaturas em cidades de menor porte se dá, sobretudo, por estrutura partidária, disputas internas e poder econômico. Nestes locais, por vezes, a disputa de ideias é deixada de lado. No entanto, quando uma administração é bem avaliada, se torna difícil a constituição de um grupo oposicionista capaz de superá-la nas urnas.

“Devido a sempre haver muita tensão e disputa ferrenha nessas cidades, a candidatura única tem como maior vantagem a manutenção da paz entre os munícipes. Além disso, o trabalho da gestão pública se mantém num ritmo constante. Por mais que tenhamos de separar as coisas, uma eleição sempre interfere no andamento dos trabalhos das administrações”, frisa.

O maior risco, na avaliação de Camargo, é o gestor “se acomodar” com a ausência de uma oposição. “Se o perfil dele é dos que só se preocupam consigo, isso pode acontecer. A partir do momento em que tu tens uma certa unanimidade, teu compromisso em honrar essa confiança é maior”.

Recorde no país

Dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, 43 deles só têm um candidato a prefeito. Tanto em números absolutos quanto na proporção (8,6%), o RS lidera esse indicador na comparação com os demais estados do Brasil, aponta a Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Vera Cruz, no Vale do Rio Pardo, é a cidade com maior eleitorado a ter somente um candidato a prefeito. Dos 19.199 eleitores, basta um voto para que atual prefeito seja reeleito.

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