Ligação comprometida entre Arroio do Meio e Lajeado, engarrafamentos na BR-386 e incertezas quanto ao futuro dos investimentos em duplicações de rodovias estaduais elevam a pressão sobre o setor produtivo regional.
É o que afirma o diretor de Infraestrutura da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT), Adelar Steffler. Presidente da cooperativa de transporte Valelog, com sede em Arroio do Meio, afirma que a região corre o risco de perder investimentos privados e também de ver negócios hoje instalados deixarem o Vale.
“Estamos com muitos problemas e bastante sérios. Hoje, para todos os lados há dificuldades. Nossa mobilidade está comprometida”, adverte. De acordo com ele, apesar da localização privilegiada da região, de estar próxima aos grandes centros consumidores e com maior PIB do RS, o tempo de percurso tem interferido tanto na chegada de insumos às indústrias quanto no transporte dos produtos para venda.
“Desde 2010 cobramos a duplicação da ERS-130. Agora não temos mais nem ponte. Saímos de um quadro ruim para algo pior”. Diante do acúmulo de trechos com interrupções, o diretor da CIC-VT tem mantido contato com representantes do Estado.
“Pedimos providências e agilidade, a resposta é que tudo vai ser feito. Mas quando? Não sabemos por quanto tempo as empresas vão aguentar operar com tantos prejuízos. A retomada econômica e produtiva tão falada está muito distante.”
A situação faz com que caminhoneiros que trazem milho do centro-oeste do país relutem em fazer entregas para o Vale do Taquari. Entre as prejudicadas está a Dália Alimentos. Com mais tempo de percurso, a viagem fica mais cara e difícil. “O motorista está levando cinco horas de Pouso Novo até Estrela. No máximo levaria uma hora e vinte. Há um prejuízo econômico e também na saúde do trabalhador”, destaca Steffler.
Pela análise da CIC-VT, há três pontos mais críticos na região, são: as longas filas na ponte do Exército (entre Lajeado e Arroio do Meio), a reforma na ponte sobre o Rio Taquari (na BR-386, entre Lajeado e Estrela), e na rota alternativa para ligar a parte alta e baixa do Vale pela ERS-129 (entre Colinas e Roca Sales).
Espera de duas horas
Sem a ponte da ERS-130, veículos pesados usam a ponte do Exército. Motorista que carrega produtos de limpeza em Arroio do Meio, Alex Soares, aguardou duas horas para conseguir atravessar a passagem. “Ainda bem que não está tão quente. No verão quero ver como vai ser.”
Esse alerta está entre as preocupações da CIC-VT. “Temos o transporte de frangos e suínos. Imagina lá em novembro e dezembro, com 36 graus de temperatura. Os animais vão morrer antes de chegar na indústria”, frisa Adelar Steffler.
O governo do Estado, por meio do contrato com a empresa responsável pela reconstrução da ponte sobre a ERS-130, almeja entregar a obra até dezembro. O secretário estadual dos Transportes, Juvir Costella, inclusive prometeu a inauguração até 25 de dezembro.
Ponte do Exército
A EGR assumiu a recuperação das vias de acesso até a ponte do Exército. A chuva dificulta o trabalho. Conforme a empresa, o intuito é começar as melhorias no lado de Arroio do Meio, em trecho de dois quilômetros da estrada da Linha Umbu. Em Lajeado, as equipes aguardam um tempo mais seco para fazer a conservação da via aberta pelo município.
Prioridades da região
Em documento entregue à Secretaria Estadual de Transportes, a CIC-VT enumera os trechos prioritários de rodovias do RS para melhorar a logística regional. Confira os cinco principais:
- Ponte na rodovia ERS-130, entre Arroio do Meio e Lajeado;
- Asfaltamento do acesso da ERS-129 – Colinas/Roca Sales;
- Recuperação da ERS 332, de Encantado a Soledade (rota alternativa à BR-386);
- Recuperação do trecho entre Muçum e Vespasiano Corrêa, na ERS-130;
- Conexão entre a Serra e o Vale do Taquari via Ponte Santa Bárbara (em São Valentim do Sul e Santa Tereza, ERS-431).