Os defensores de um governo que controla tudo e gasta desordenadamente dizem que cada real que o Estado colocar na mão de uma pessoa volta automaticamente para o comércio assim que ela o gasta, que isso ativa a economia porque esse indivíduo irá comprar alguma coisa e o dinheiro circulará, mesmo que ele apenas vá para um boteco tomar uma cachacinha. A roda da economia girará, trazendo progresso. Já se o Estado puser recursos nas mãos de alguém mais esclarecido sobre assuntos de finanças, ele colocará esse dinheiro no banco para render juros, e o dinheiro ficará lá, parado, sem circular. A tese deles é esta.
Para esses inteligentes vale lembrar a história contada por Claude Frédéric Bastiat (1801-1850), um economista francês cuja obra tinha como princípios básicos a ideia de que a Lei tem três finalidades: proteger o indivíduo, a liberdade e a propriedade privada.
A comparação que Bastiat faz é entre dois irmãos, Mondor e Aristo, herdeiros de uma fortuna após repartirem a herança paterna. Cada um recebe cinquenta mil francos de renda. Mondor resolve praticar a filantropia. “Renova seu mobiliário uma vez por ano, troca suas carruagens todos os meses, gasta o dinheiro comprando coisas supérfluas, e as pessoas elogiam os métodos que ele usa ao gastar seu dinheiro”. Ele é considerado um cara legal porque que reparte sua fortuna.
Já Aristo adotou um plano diferente: “Ele controla suas despesas, só procura prazeres moderados e razoáveis, gasta em coisas de que realmente necessita, pensa no futuro dos filhos e, para encurtar a história, economiza o máximo possível.”. Não é bem visto pela população, que o considera um cara rico e avarento.
Os fornecedores dos luxos de Mondor gostam dele por que ele representa aquilo que se vê: o sujeito gastando, comprando coisas, gerando emprego para os trabalhadores, fazendo a economia girar.
Mas há uma diferença enorme entre as duas condutas. Os gastos despropositados de Mondor estão fazendo com que sua fortuna esteja diminuindo a cada dia, e acabando.
Já a fortuna de Aristo vai aumentando a cada ano porque suas despesas são organizadas, as aplicações de sua poupança são canalizadas para investimentos produtivos, que não são visualizados ostensivamente pelo público, embora também gerem empregos.
Bastiat demonstra que passados dez anos a fortuna de Mondor acabará, e ele estará arruinado. Em decorrência, terminará também a sua popularidade.
Em relação a Aristo, ele não só continua colocando seu dinheiro em circulação, mas com seus gastos moderados e pontuais, aplicado com segurança, continuará gerando empregos. E se ele vier a falecer, seus filhos estarão preparados para dar prosseguimento aos seus negócios.
Penso que vale a pena se pensar sobre esse assunto.