Que diferença de estudo jornalístico tu notou entre o nosso país e a Itália?
O jornalismo europeu privilegia informação completa, sendo mais interpretativo, atendendo as exigências de uma população que lê bastante. Um trabalhador comprava dois jornais diários, um de informação geral e outro esportivo.
O nosso jornalismo sempre foi diretamente ao assunto, às vezes sem aprofundamento. Lá nas aulas, o debate era entre a qualidade e a quantidade de informações de uma notícia. Diferentemente do nosso país, não existiam as Faculdades de Comunicação que forma jornalistas, publicitários e relações públicos. Por isso, era um “curso de especialização”.
Que aprendizado profissional você trouxe ao Brasil?
O bom jornalismo precisa responder a todos os questionamentos do leitor. Falamos da década de 80, sem as facilidades tecnológicas do nosso mundo digital. Agora tem até Inteligência Artificial para fazer um texto.
Apesar da realidade da comunicação instantânea e globalizada, o jornalista é fundamental para traduzir, explicar e informar sobre a vida e o cotidiano. Jornalistas não são protagonistas e muitos estão sobrepondo suas percepções ideológicas, contaminando a informação. Está sobrando opinião e faltando informação.
Quais as diferenças entre os veículos de comunicação brasileiros e os italianos?
Não existe mais tanta diferença, pois a notícia tem que ser divulgada imediatamente nas redes sociais e em blogs, diante da universalidade. O jornalismo europeu apresenta defeitos, com jornais assumindo posicionamentos políticos e ideológicos. Evidente que a tradição cultural exige profundidade da abordagem dos assuntos e nos debates. A nossa vantagem é na comunicação eletrônica, pois o modelo brasileiro está fundamentado com emissoras na mão da iniciativa privada.
O que mais lhe marcou nesta viagem?
O desconhecimento sobre o tamanho do Brasil, pela inexistência de malha ferroviária para passageiros. Não imaginavam as nossas distâncias, não tendo um trem ligando o Rio de Janeiro a Porto Alegre. O futebol era admirado com jogadores brasileiros, como Falcão na Roma e no automobilismo com Nelson Piquet e o iniciante Ayrton Senna.
Sobre o Rio Grande do Sul, impressionava que 30% da população descendia de italianos, e a influência cultural, social e econômica.