A participação de estudantes no 2º Concurso Viver Cidades superou a expectativa da comissão organizadora. Na categoria Ensino Médio, 31 vídeos foram inscritos. E no Ensino Fundamental, 474 redações concorrem em duas categorias. No total, 19 escolas, de nove municípios, inscreveram os trabalhos de estudantes de 5º e 6º anos e 7º, 8º e 9º anos.
Os estudantes com trabalhos classifi cados e professores serão convidados ao evento, mas só saberão a colocação no momento da entrega da premiação. Desta forma, cria-se expectativa maior.
Tema
Depois da sequência de enchentes no Vale do Taquari – setembro e novembro de 2023 e maio de 2024 – a comissão decidiu lançar um desafi o que tivesse como tema central o Rio Taquari.
Os adolescentes produziram vídeos com a temática “Para onde corre o Rio Taquari”. Ao Ensin Fundamental, a proposta foi escrever “Uma Carta para o Futuro.”
De acordo com a coordenadora do projeto Viver Cidades, Luciane Eschberger Ferreira, os vídeos foram criativos e bem produzidos. “A comissão julgadora observou vários quesitos, como determinava o regulamento, para então selecionar os finalistas. Os dez escolhidos postaram os vídeos no Instagram, e os três mais votados fi caram em 1º, 2º e 3º lugar. Os destaques de melhor roteiro, imagens, narração e edição foram escolhidos pela comissão.
Assim como em alguns vídeos, os impactos da catástrofe causada pela enchente de maio fi caram evidentes também nas redações. “Observamos uma grande quantidade de relatos sobre as perdas – de casas, de propriedades rurais, de pontes e até mesmo de familiares, vizinhos e amigos.” A jornalista Luciane leu as 474 redações com o intuito de fazer a primeira seleção. “Em vários momentos, tive que interromper a leitura, respirar fundo e então seguir. Sentimentos e emoções de crianças e pré-adolescentes foram revelados nos textos. Desabafos, eu diria.”
Expressão por meio da escrita e do comportamento
Médica psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da Univates, Luiza Lucas observa que toda a população regional passou por esta situação traumática, que foi a enchente. “Diante das perdas, cada pessoa vai agir e lidar com suas emoções de forma diferente.” No caso das crianças, especialmente na faixa entre 10 e 12, elas ainda estão em formação, tanto da personalidade quanto da consciência e da situações traumáticas. “Quanto mais jovem a pessoa, menos habilidade ela tem para lidar com questões traumáticas e mais difícil tende a ser.”
Durante a enxurrada, a ansiedade, a angústia e o medo foram sentimentos predominantes. Luiza destaca que falar e escrever sobre isso pode ser uma forma de desabafar e elaborar este trauma. “Escrever de forma livre pode ser uma maneira de expressão, mas em alguns casos, talvez não seja sufi ciente.”
Pais e professores podem perceber nos fi lhos e alunos o comportamento e o sono diferentes do que eram antes da catástrofe. “Nestes casos, é importante oportunizar a estas crianças um espaço mais adequado de fala, de desabafo, de organizar os pensamentos”, sugere a médica. Ela recomenda o apoio de psicólogos para auxiliar as crianças e suas famílias.