O Vale congestionado

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

O Vale congestionado

Após 3 enchentes devastadoras, o Vale do Taquari tenta voltar à normalidade. Mas não há mais nada normal, afinal áreas inteiras foram devastadas enquanto outras fortemente atingidas, foram em parte abandonadas. Os rastros da destruição persistem e estão nas margens dos rios e riachos, nos prédios e industrias parcialmente destruídos e no que restou das casas.

A solidariedade tão forte no início, já dá sinais de ter se esgotado. Da pior maneira possível descobrimos a lentidão e a inoperância das nossas autoridades e aquilo que no início era esperança de auxilio, virou ironia, sarcasmo e dúvidas.

Para completar estamos em período eleitoral, onde de um lado redobram-se promessas e do outro se critica tudo. Dito isso existe algo que está incomodando todos os moradores desde antes da enchente e se tornou um inferno após: a mobilidade intermunicipal.

Nossa região é composta por dezenas de municípios que se interligam por estradas municipais, estaduais e federais. As estaduais foram pedagiadas e após muitas idas e vindas acabaram na mão de uma estatal, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Já a BR 386, uma rodovia federal também é pedagiada e acabou nas mãos de uma empresa privada chamada CCR.

A RS 130 e a RS 129 fazem a ligação entre a parte alta e a baixa do vale do taquari, não são duplicadas e possuem tráfego intenso e constantemente engarrafado nos horários de pico. O que já era ruim ficou horrível após a queda da ponte sobre o rio Forqueta e expôs de forma aguda a falta de outras opções ligando as regiões alta e baixa do Vale do Taquari.

Na duplicada BR 386 o problema até então eram às intermináveis obras nos trechos urbanos das cidades de Estrela e Lajeado e o trecho de duplicação até a cidade de Marques de Souza. Digo isso usando o verbo no passado, pois depois que veio a grande enchente de maio de 2024 e abalou a estrutura de uma das pontes sobre o rio Taquari entre Lajeado e Estrela tudo piorou e as enormes filas são uma constante.

Com isso ficou clara e estampada a enorme dependência da nossa região dessa ponte em termos de transporte de riquezas e de mobilidade.

Hoje no Vale do Taquari ninguém mais sabe quando tempo demora para ir ou vir de Estrela ou Teutônia a Lajeado, da mesma forma ninguém consegue prever quanto tempo levará para ir ou vir de Encantado ou Arroio do Meio a Lajeado ou Estrela.

Claro que uma nova ponte sobre o rio Forqueta esta sendo construída, obvio que estão consertando a ponte sobre o rio Taquari, mas vocês percebem a fragilidade da infraestrutura da nossa região?

Daqui há uma semana escolheremos os novos prefeitos de nossas cidades. Os escolhidos terão de ter uma visão e uma missão além dos limites de seus municípios e coletivamente cobrar dos governos estadual e federal um melhor retorno dos caros impostos que aqui são recolhidos. Uma população cansada de perder tempo em estradas precisa de uma nova ponte sobre o rio Taquari entre Lajeado e Estrela e precisa da duplicação do trecho pedagiado das RS 129 e 130 entre Guaporé e Venancio Aires.

Espero que nossas lideranças não aceitem menos que isso.

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