Produtores de leite que abasteciam a Latvida, empresa do setor de laticínios com sede na Linha São Jacó, em Estrela, relatam falta de pagamento por parte da indústria. Com histórico de pedido de recuperação judicial no ano anterior, a empresa voltou atrás na decisão, bem como manteve em dia os pagamentos diante da situação.
No entanto, de acordo com a Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), a empresa não quitou o débito da carga até agosto e comunicou que não receberia mais porque não tinha como pagar. Inclusive, transportadoras direcionaram as entregas para a Lactalis.
Em agosto, também houve registros de produtores leiteiros chegaram a bloquear um caminhão carregado com 10 mil litros de leite no noroeste gaúcho devido às dívidas atrasadas pela indústria. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Estrela, Rogério Heemann, destaca que recebe questionamentos de produtores de outras regiões acerca da situação da empresa.
“São produtores que relatam valores de R$ 100 mil a R$ 150 mil a receber. Mas ninguém consegue falar com a empresa”, aponta o presidente. A Latvida não se manifestou sobre o assunto.
Histórico judicial
Após anunciar o processo de recuperação judicial em maio de 2023, a empresa desistiu da ação no mês seguinte. O pedido tinha o objetivo de reestruturar a empresa com dívida acumulada de R$ 107,2 milhões à época.
Uma outra decisão judicial teria motivado a ação. Em pedido de desistência da recuperação judicial, a empresa disse que a decisão tomada em abril causou “desestabilidade financeira e desgaste na relação da requerente com seus clientes”, e com a atual circunstância a ação prejudicaria mais a empresa.
A marca esteve envolvida na operação Leite Compensado em 2013, a qual identificou adulteração na fórmula do leite. Na época, a Latvida entrou em recuperação judicial e chegou a fechar a unidade em Estrela. A empresa gera 400 empregos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Sobre a empresa
Fundada em 2005, a Latvida iniciou as atividades voltadas à produção de ração animal e em 2015 avançou para a produção de derivados do leite, e possui unidades em Santa Catarina e no Paraná, além da matriz em Estrela.
