O Comitê de Política Monetária não deu dica de quais serão os seus próximos passos, na ata da última reunião, divulgada na terça-feira. Segundo os diretores do Banco Central, o cenário doméstico segue sendo de incertezas e o internacional dificulta a sinalização de um caminho mais objetivo e claro.
Enquanto no Brasil houve a retomada do aumento da taxa de juros, nos Estados Unidos o Fed começou o processo de corte na taxa — na última quarta-feira, o Fed surpreendeu com uma redução acima da esperada pelo mercado, de 0,50 pp. A desaceleração da economia chinesa e a grande variação no preço das commodities também são um fator levado em consideração.
No Brasil, a leitura é de que os dados de indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho estão mais fortes do que o esperado, levando a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar acima da meta estabelecida pela autarquia, de 3%.
“Em virtude das incertezas envolvidas, o Comitê preferiu uma comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos, insistindo, entretanto, no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse o BC.
O documento reforçou que a desancoragem das expectativas de inflação — com o relatório Focus mostrando uma estimativa de 4,37% para 2024 — é “um desconforto comum a todos os membros do Copom”.
Selic deve seguir escalada de forma gradual
Na reunião da semana passada, que determinou a nova taxa Selic de 10,75% ao ano, os diretores discutiram as características atuais da inflação. A conclusão foi de que há fatores que apontam para um fortalecimento do indicador, já que há uma estagnação no processo de deflação, a inflação de serviços segue maior do que a projetada.
Com isso, o BC optou por um início gradual dada as incertezas envolvidas no cenário. Dessa forma, a economia brasileira pode se beneficiar não apenas do impacto da política monetária local, mas também da atuação de todos os outros fatores externos.
Como informado no comunicado anterior, o Copom reforçou que as próximas decisões serão baseadas em como os principais indicadores econômicos e as expectativas para a inflação se comportarão.