O fim do diálogo

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

O fim do diálogo

“A política é uma guerra sem derramamento de sangue, e a guerra uma política com derramamento de sangue.” Mao Tse-Tung

No Brasil anda tudo tão surreal que já tem gente que não duvida de mais nada. No entanto a agressão com uma cadeira que o candidato a prefeitura da maior metrópole brasileira Datena, desferiu em seu concorrente Pablo Marçal foi algo raras vezes vista em tempo de paz. Pior que a atitude de um candidato que se tornou conhecido por espetacularizar a violência urbana do país, foram as reações nas redes sociais. De memes a piadinhas, não foram poucos os que julgaram que a tal cadeirada foi merecida…

Se vamos aceitar a violência física em nossas campanhas políticas é de se pensar se essas mesmas vozes que acharam aceitável uma cadeirada, acham também aceitável um tiro no candidato que não é do seu agrado, ou na falta de armas de fogo, quem sabe uma facada?

Se tolerarmos a violência na política, não só verbal, mas agora também física contra os que não pensam como nós, estaremos prontos para receber o mesmo tratamento violento dos que de nós pensam diferentes?

Não acredito que essas pessoas tolerem para si o que defendem para os outros. E vou adiante, afinal já vimos isso por aqui e até hoje, “cidadãos de bem”, desinformados ou mal intencionados, defendem colocar fogo em locais onde se julgam mal atendidos.

Há muito que passamos do ponto da civilidade nas discussões políticas, ora defendendo atitudes violentas como as relatadas, outras vezes defendendo linchamento de criminosos ou racionalizando as atitudes de torturadores. Já e passada a hora de alguém defender moderação, na pratica e não só da boca para fora.

Afinal ao enxergar sempre o mal no lado contrário ao nosso, somos encaminhados psicologicamente para o mundo primitivo das tribos e dos clãs, onde a lei do mais forte sempre impera.

É de se perguntar a quem interessa o fim do diálogo, da moderação bem como do auto controle na política e na vida social? Não percebem essas pessoas que isso nos encaminha para o fim da civilização? E que o fim da civilização nos encaminha para as ditaduras e para as lutas sangrentas e as mortes como se vê na Ucrânia e na Palestina.

Política não é espetáculo e portanto política não e lugar nem para palhaços e nem para domadores de leão.

Acompanhe
nossas
redes sociais