“Abri uma construtora e contratei meu marido”

ABRE ASPAS

“Abri uma construtora e contratei meu marido”

Aos 42 anos, Glória Lúcia Malmann, natural de Progresso e moradora do bairro Centenário, em Lajeado, decidiu empreender no setor da construção civil. No início deste ano, abriu uma construtora, focada na edificação de casas, sobrados, prédios e reformas residenciais, com especialização em habitações geminadas. Para atender à crescente demanda, Glória contratou o marido e um servente. Para expandir a equipe, precisa enfrentar o preconceito de pessoas que hesitam em ser contratados por mulheres que estão à frente das obras

“Abri uma construtora e contratei meu marido”
Foto:acervo pessoal

De que forma você começou a atuar na construção civil?

Há cinco anos, fui acompanhar meu marido, Jovaldir, em uma obra durante meu tempo livre. Acabei ajudando um pouco naquele dia, gostei e o construtor da obra me convidou para continuar trabalhando. Na época, eu era apenas dona de casa e virei servente de pedreiro.Esse foi o começo de tudo.

Como você conseguiu abrir uma construtora?

Em cinco anos, devo ter ajudado a construir 20 casas, sobrados e residências. Sempre quis ter minha construtora e consegui abri-la no início deste ano. Hoje meu marido é meu contratado e trabalha com carteira assinada. Também temos outro profissional. A equipe é enxuta mas queremos buscar mais pessoas porque o trabalho é intenso.
Hoje eu administro as finanças, atuo como mestre de obras e faço o relacionamento com os clientes.

Como você lida com o preconceito que costuma surgir nesse mercado?

Ainda existe um grande preconceito, sim. Tanto de pessoas que precisam trabalhar e não querem ser contratados por uma mulher que está à frente dos negócios, quanto de clientes ou terceiros que precisam aprender a confiar mais na figura feminina. Eu até tenho serventes que precisam de emprego, mas eles se sentem receosos ao perceberem que terão de ser contratados por mim. Meu papel também é lutar contra isso e estimular para que outras mulheres possam entrar neste mercado.

O que torna seu trabalho na construção civil diferente dos demais?

Acredito que seja o capricho e a qualidade do serviço. Cobro da turma e de mim mesma, para que os acabamentos sejam bem feitos. Gosto de que a equipe faça tudo certinho e dentro do prazo.
Eu também acredito que minha formação auxiliou na credibilidade da carreira. Me formei como técnica em edificação na Escola de Ensino Profissionalizante, em Estrela, no ano passado.

Em quais tipos de construções você mais atua?

Principalmente casas geminadas e sobrados, que são muito procurados por serem mais acessíveis e se encaixarem no programa Minha Casa Minha Vida. Mas também já trabalhei em casas de alto padrão em condomínios fechados.
Minha agenda está sempre cheia porque as pessoas elogiam o capricho mas também. porque o mercado está em alta. Recentemente, concluímos três casas geminadas. Vamos começar a construir uma residência agora e outra, logo depois.

Como suas filhas enxergam o ofício?

Tenho duas filhas e elas me motivam diariamente. Estiveram presentes na minha formatura no ano passado e sentem orgulho de minha trajetória. Esse estímulo é importante.

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