VALE DO TAQUARI
O céu acinzentado que virou o cenário da região nos últimos dias é resultado da fuligem das queimadas florestais na região central, sudeste e centro-oeste do Brasil, que se mistura com o ar. Essa fumaça chegou ao estado no fim de agosto e pode ser responsáveis por intensificar problemas respiratórios.
Diferente de outras regiões do RS, como a capital, por exemplo, os sintomas respiratórios ainda não lotam os sistemas de saúde. Mas profissionais da área alertam para um possível aumento nos atendimentos a partir do fenômeno. Em Porto Alegre, hospitais associam os sintomas à fumaça.
Secretário de Saúde de Lajeado e pneumologista, Cláudio Klein afirma ainda não perceber um aumento de atendimentos na UPA e em outros serviços de saúde do município por conta da fuligem presente no ar. A longo prazo, no entanto, o cenário pode ser diferente.
Segundo o médico, o que se tem percebido é um aumento em quadros virais que podem apresentar sintomas como dor de garganta e tosse. A doença, no entanto, já vem sendo registrada há mais de um mês e não teria relação com as queimadas.
“A queima pura da vegetação por si só, a fumaça, gera irritabilidade. Depende da intensidade e da exposição. Ainda pode ser que vamos perceber esses sintomas em pacientes da região”. A irritação pode ser tanto na região nasal, quanto nos olhos.
A recomendação, segundo Klein, é manter-se hidratado e fazer a higiene nasal com soro fisiológico para remover a fuligem que possa ter sido inalada. “A hidratação é um ponto importante, porque vai deixar úmida também a mucosa nasal e auxiliar na respiração”. Klein garante que a secretaria de saúde vai continuar monitorando os atendimentos nas próximas semanas.
Atenção aos sinais
A médica pneumologista e professora da Univates, Bárbara Fontes Macedo destaca a qualidade ruim do ar, com a possível presença de micropartículas sólidas ou líquidas, como dióxido de carbono, monóxido de carbono, dióxido de enxofre, entre outras substâncias prejudiciais ao organismo.
De acordo com a médica, esses materiais entram no organismo por via inalatória e acabam atingindo principalmente as vias aéreas. “A longo prazo, podem piorar as doenças que os pacientes já tenham, como asma, bronquite, rinite e enfisema, além de ocasionar crises alérgicas. Pacientes que nunca tiveram nenhuma doença podem vir a desenvolver também”. Bárbara ainda ressalta um risco aumentado de doenças cardiovasculares.
Nos grupos de maior risco, segundo a pneumologista, estão pessoas que já tenham doenças pulmonares e cardiovasculares, crianças e idosos. Entre os sintomas, estão a tosse seca e a falta de ar. Pacientes também podem apresentar chiado no peito, coceira nos olhos e nariz. Se os sintomas persistirem, a recomendação é buscar auxílio médico. Além disso, especialistas recomendam evitar a exposição à fumaça.
Recomendações
– Se tiver sintomas respiratórios, busque atendimento médico o mais rápido possível;
– Beber mais água e líquidos para manter o aparelho respiratório úmido e mais protegido;
– Se possível, ficar menos tempo em ambiente aberto, durante o dia ou à noite;
– Manter portas e janelas fechadas, para diminuir a entrada da poluição externa no ambiente;
– Evitar atividades em ambiente aberto enquanto durar o período crítico de contaminação do ar pela fumaça.
Para pessoas com problemas cardíacos, respiratórios e imunológicos
– Manter ao alcance os medicamentos indicados pelo médico, para uso em crises agudas;
– Buscar imediatamente atendimento médico se apresentar sinais ou sintomas de piora das condições de saúde após exposição à fumaça;
– Consultar o médico sobre a necessidade de mudar o seu tratamento.