De serventes até engenheiros. Em um dos pilares da economia regional, a falta de pessoas para atuar na construção civil aumenta o desafio para as empresas. No programa RUMO – O Futuro da Mão de Obra – transmitido nessa quarta-feira em Live pelo A Hora TV no Youtube, representantes do setor apontaram as principais dificuldades para curto e médio prazo.
“Costumamos falar, se chegar 200 pessoas para trabalhar com obra em Lajeado na segunda-feira, até sexta já estarão empregadas. Um bom profissional consegue crescer e fazer carreira”, estima o presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), empresário da construção civil, Joni Zagonel.
Diretor do Sindicato das Construtoras (Sinduscom), André Damiani, concorda e acrescenta: “a qualidade de uma obra só aparece quando entregamos. Para fazer isso, precisamos de pessoas.”
De acordo com o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univates, Cristiano Zluhan Pereira, mesmo alunos da graduação e também do técnico em edificações costumam ingressar no mercado logo no início dos cursos. “Recebemos contatos das empresas de maneira frequente, pedindo estudantes para começarem a trabalhar.”
Essas três análises dão conta de uma dificuldade cada vez mais latente. “A construção civil teve um período de estagnação. Agora, a tendência desde o início do ano é de retomada, em especial frente a necessidade da região, de reconstruir mais de 2 mil moradias”, frisa Zagonel.
O RUMO – O Futuro da Mão de Obra – contempla uma série de movimentos orquestrados pelo Grupo A Hora, como estudos, programas de rádio, internet e publicações de reportagens.
No mês passado, foi apresentada a segunda edição da pesquisa, que abordou o ambiente profissional voltado à requalificação de profissionais inseridos no mercado de trabalho.
O projeto conta com o patrocínio da Cascalheira Stone Garden, Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), Cooperativa Sicredi, Univates. Rhodoss Implementos Rodoviários, Construtora Diamond, Metalúrgica Hassmann, Dale Carnegie, Construtora Giovanella e Tomasi Logística.
Lacunas e oportunidades
A faixa etária dos profissionais, em especial de mestre de obras e pedreiros, está em constante aumento. Entre 2016 a 2024, houve aumento na idade nas duas atividades. O pedreiro passou de uma média de 38 para 41 anos. Já o mestre de obras, uma das funções mais disputadas pelas empresas do setor, teve um acréscimo médio de 6 anos. Hoje, a idade desse profissional atinge a média de 46 anos.
“Isso quer dizer que não estamos conseguindo atrair novas pessoas. E, obviamente, o trabalhador está se mantendo mais tempo. O que a gente precisa é ter renovação em um número maior”, ressalta Joni Zagonel.
Neste sentido, nem mesmo os salários, acima do pago em outros setores econômicos, é um atrativo suficiente. “Temos um nível muito bom. A construção civil não tem um teto salarial. o profissional pode fazer o seu salário”, acrescenta.
Gerações
Nas diferentes atividades da construção civil, em especial nas atividades de base, muitos profissionais se forjaram desde cedo, analisa o professor Cristiano Pereira. Pessoas que hoje ocupam cargos mais elevados dentro das obras, tiveram as primeiras experiências com familiares ainda na adolescência.
“O perfil do jovem tem mudado bastante. As gerações do passado procuravam uma carreira. Hoje em dia é a necessidade mais imediata. O que me atende naquele momento, se não, saio e procuro outra”, destaca Pereira.
Para André Damiani, uma das formas é valorizar o profissional e comunicar as oportunidades na busca por renovações. “Temos de mostrar as possibilidades. Vai do servente, passando para o mestre e o operador de máquinas. Hoje tem opções. A gente tem que deixar claro que é uma carreira. Afinal, é um orgulho hoje ser pedreiro. É um orgulho entregar uma obra.”