Sou um amante do inverno. Curto a sensação térmica, a união da família ao redor da lareira, do fogão à lenha, do fogo de chão. A sensação do afago, do calor que aquece, da aproximação das pessoas sem os odores desagradáveis. É uma estação onde podemos ficar elegantes e bem vestidos o dia todo, sem a preocupação com a transpiração. A natureza nos brinda com espetáculos só possíveis de vivenciar nesta época. Caminhar quebrando o gelo sobre a grama, campos e vegetação tomados pela geada, ou pelo sincelo nas partes mais altas, o espetáculo da neve nas regiões elevadas.
Nas últimas décadas não temos mais um frio intenso como em épocas mais remotas. Lembro da minha infância na Barra da Seca, em Colinas, onde o normal eram longos períodos de frio intenso. Gostávamos de fazer experiências, colocando água em bacias ao relento antes de dormir, para verificar pela manhã, a camada de gelo que tinha se formado durante a madrugada. Sinal claro que a temperatura girava em torno de zero grau ou negativa em muitos momentos.
O frio é benéfico para a saúde do sono, nos ajuda a queimar mais calorias, além de diminuir inflamações e rejuvenescer a pele, nosso cérebro passa a funcionar melhor.. Ao mesmo tempo, a época nos convida para preparar pratos e guloseimas especiais, que podem ser acompanhados por bebidas típicas do inverno. Só coisas boas!
Porém, em meio às temperaturas agradáveis do inverno, também lidamos com a realidade. No ramo da educação, mais uma vez notícias desagradáveis sobre os resultados do IDEB precisam ser digeridas. Faz muito tempo que alerto que nosso sistema educacional é falho, que é falimentar. Até aqui nenhuma novidade. Fatalmente os resultados serão ruins e tendem a piorar. Sabemos que o número de alunos que mal aprendeu a desenhar o nome e tendo uma leitura péssima, está aumentando gradativamente nas séries finais do ensino fundamental. E o que está se vendo em contrapartida? Revisão dos modelos de cursos ofertados, como a catastrófica versão do Novo Ensino Médio, que conseguem contribuir significativamente para o colapso da educação gaúcha. Fico estupefato com a galopante onda de descaso nesta área. A preocupação em estudar cada vez mais, ler muito, produzir textos, está em franca decadência. Para o sistema em vigor, um iletrado provavelmente não ira reivindicar, não irá protestar e se sentirá agradecido por receber migalhas mensalmente do poder público. Triste realidade!