Em 1931, um agricultor alemão morador de Arroio do Meio decidiu viajar pelo Brasil com a família, dentro de um barril. Leopoldo Carlos Lanz, a esposa e a filha de dois anos viveram uma das aventuras mais inusitadas, dentro de uma pipa gigante.
A pipa media quase dois metros de altura e no interior, Lanz instalou duas camas.
O bebê dormia no compartimento superior. A viagem se estendeu por seis estados, até que a família finalmente alcançou seu destino em Juiz de Fora, Minas Gerais.
Ainda no início do trajeto, em Antônio Prado, Lanz conseguiu uma mula para ajudar a puxar o barril, aliviando o esforço físico do grupo. Eles alternavam entre empurrar a mula e caminhar ao lado do barril, sempre atraindo olhares curiosos e despertando a atenção das cidades por onde passavam.
A jornada fez da família Lanz motivo de popularidade nacional em cada cidade, eram recebidos como celebridades, e a história foi registrada por diversos jornais da época. A travessia do Brasil dentro de um barril se tornou um símbolo de determinação e coragem, refletindo o espírito aventureiro dos imigrantes alemães que buscavam novos horizontes em terras brasileiras. Após um ano na estrada, a família chegou a Juiz de Fora e retornou de navio a Arroio do Meio. A experiência, porém, estava longe de ser esquecida.
Leopoldo Carlos Lanz documentou toda a aventura em um livro intitulado “O Novo Diógenes: Atravessando o Brasil com uma Pipa”. O título faz referência ao filósofo grego Diógenes de Sinope, que vivia dentro de um barril e motivou a curiosa viagem.
Décadas depois, o historiador de Lajeado, Wolfgang Collishonn, traduziu a obra para o português, reconhecendo o valor histórico e cultural da história. Collishonn destaca que a travessia da família Lanz simboliza a ousadia dos imigrantes alemães, que se aventuravam com ímpeto e criatividade em busca de novos destinos.
Curiosidades da Viagem
A Pipa Adaptada: O barril onde a família Lanz viajou tinha quase dois metros de altura e foi equipada com duas camas e armários. A bebê de dois anos, dormia no compartimento superior.
A Recepção nas Cidades: Em muitas cidades, a família foi recebida com entusiasmo e curiosidade. A aventura tornou-se um assunto de destaque nos jornais locais, e Lanz e sua família foram tratados como celebridades por onde passaram.
O Retorno ao Sul: Após concluir a jornada em Juiz de Fora, a família decidiu retornar ao Rio Grande do Sul de navio, em função dos conflitos envolvendo vários estados do Brasil Inspiração Filosófica: O título do livro de Lanz, “O Novo Diógenes”, faz alusão ao filósofo grego Diógenes de Sinope, que, segundo a tradição, vivia em um barril.
Tradução: A obra foi traduzida pelo historiador de Lajeado, Wolfgang Collishonn que acredita que a história expressa a ousadia dos imigrantes.
Cartas alemãs
Há um século, as cartas eram o principal meio de comunicação entre os alemães do Vale e da Europa. Elas eram enviadas constantemente e se transformaram em registro histórico. Inúmeras estão guardadas como memória no Arquivo Histórico Municipal de Lajeado. O historiador descendente de imigrantes alemães Wolfang Collishonn, se dedicou a fazer traduções de cartas de das famílias.
Muitas são cartas de guerra, vindas da Alemanha para famílias de Conventos com relatos de como estava o cenário na época. Wolfang teve o cuidado de manter a originalidade dos termos. Hoje, aos 93 anos, o escritor traduziu também livros que dão visibilidade aos desafios e trajetórias dos imigrantes alemães.
