“Área de Perigo Permanente”

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

“Área de Perigo Permanente”

“Não podemos depender de obras estruturantes.” Foi com essa frase que o especialista Masato Kobiyama definiu, durante o primeiro dia do 2º Seminário Pensar o Vale Pós-Enchentes, a necessidade de trabalhar muito mais a educação, o treinamento e a organização das comunidades, com o suporte técnico da universidade. “Podem fazer dragagem, mas eu não vou morar na beira do rio”, afirmou. Ele reforça a necessidade de implantar uma cultura resiliente e capaz de entender os riscos dos fenômenos climáticos, e observou para a ineficiência de muitas obras estruturantes e intervenções humanas. Entre essas, a dragagem e o desassoreamento dos rios. “Para mim, APP não é Área de Preservação Permanente. É Área de Perigo Permanente”, finalizou. Em resumo, ele cobra mais respeito às incertezas pregadas pela natureza.

“O debate sobre mudanças climáticas está resolvido”

Presente à abertura do 2º Seminário Pensar o Vale Pós-Enchentes, o Ministro da Reconstrução, Paulo Pimenta (PT), lembrou que diversos municípios da região alta do Vale do Taquari já foram abastecidas por meio fluvial, e hoje a navegação está inviabilizada pelo assoreamento do Rio Taquari. Além disso, relembrou os recursos repassados às empresas

e pessoas físicas, e anunciou os serviços de batimetria e os sistemas de alerta em construção. E o agente da União também observou para a necessidade de debater, sem paixões e polarizações, os efeitos das mudanças climáticas. “A partir da pandemia, ninguém mais debate a necessidade do SUS. E agora, com a tragédia das enchentes, não podemos mais questionar as mudanças climáticas. É um debate resolvido.”

Disputa de terra às vésperas da eleição

Colegas de partido, os prefeitos de Bom Retiro do Sul, Edmilson Busato (MDB), e de Estrela, Elmar Schneider (MDB), serão protagonistas de um inusitado processo judicial que prevê, por parte do primeiro município, a aquisição de quase 500 hectares que hoje pertencem a cidade vizinha. A área em questão fica entre a aldeia indígena e o Posto Laguinho, nas proximidades da BR-386. E além dos prováveis embates judiciais, resta saber o tamanho do impacto disto tudo nas urnas.

“A nova construção do Vale”

Durante a abertura do 2º Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente, a Reitora da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Evânia Schneider, foi responsável por um dos discursos mais certeiros do dia. Além de reforçar a importância da academia e da ciência nas ações de prevenção e enfrentamento dos fenômenos climáticos, cujos estudos e pesquisas já existem e não são devidamente aproveitados e respeitados por quem está no front, ela também acertou no termo que precisa ser utilizado pelos mais diversos atores desse delicado momento do Vale do Taquari. Não sei se foi com o propósito deste tópico. Mas ela foi certeira ao não utilizar o termo “reconstrução”. A Reitora falou em “nova construção”. E é isso. Não podemos fazer igual a antes. E quando ela fala em “nova construção”, de propósito ou não, ela provoca uma reflexão necessária a todos e deixa um recado claro: não podemos mais repetir e aceitar os erros do passado!

Tiro Curto 

  • Em Bom Retiro do Sul, e durante as sabatinas dos candidatos a prefeito no programa Frente e Verso, o candidato Celso Pazuch (PSB) prometeu um posto de saúde que já está em construção. Por sua vez, o adversário Mauro Hauschild (União Brasil), que morou cerca de 20 anos em outras cidades, precisa provar que, de fato, está vivendo na cidade. E isso tudo será avaliado pelo eleitor.
  • Titular da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos de Lajeado, Günter Meyer está de férias até 11 de setembro. Até lá, a pasta será comandada pelo servidor Cassiano Jung. Ou seja, e isso é importante, o secretário de Obras de Lajeado, hoje, é Cassiano Jung. E ninguém mais, talkei?
  • Colunista da Zero Hora, Rosane de Oliveira abordou na quarta-feira sobre a proposta de um “Escritório” permanente do governo federal no Estado, tendo à frente o ex-prefeito de Taquari, Maneco Hassen (PT). Entretanto, e conforme a jornalista, a União não deve levar adiante a ideia.
  • Alô, alô, EGR. A Rota do Sol está virada em buracos no trecho entre o Vale do Taquari e a Serra Gaúcha. É preciso olhar com muito mais atenção para a segurança dos usuários.
  • Hoje à noite o Instituto Ipê Amarelo de Lajeado realiza a doação de uma viatura à Polícia Civil. O evento de entrega será às 19h, no condomínio Buena Vista.

Pesquisa em Encantado

A primeira pesquisa realizada pelo Instituto Methodus em Encantado aponta para uma ampla vantagem do atual prefeito, Jonas Calvi (PSDB), que assumiu a administração municipal após a morte do titular, Adroaldo Conzatti, já no início desta gestão. Calvi aparece com 38,5% das intenções de voto na menção espontânea e sobe para 49,2% na menção estimulada. E mais. O gestor possui menos rejeição do que os dois adversários, Paulo Costi (PP) e Luciano Moresco (PT). É um cenário muito cômodo para quem está com a máquina na mão. Mas é preciso confirmar nas urnas. E isso denota habilidade para não se acomodar e/ou desprezar a destreza dos adversários.

Pesquisa em Encantado II

Se a pesquisa precisa ser celebrada pelo prefeito, o resultado cai como uma bomba nas pretensões de Paulo Costi (PP) e Luciano Moresco (PT). O primeiro está na segunda posição com 19,3% Na espontânea e 27,6% na estimulada, e o petista na terceira e última posição, com 3% e 6,3%. E são poucos indecisos na estimulada, com apenas 12% dos entrevistados. Ou seja, e de acordo com os resultados da pesquisa, Costi é o único com (pouca) condição de se aproximar de Jonas Calvi (PSDB). Para isso, porém, é preciso que um fato novo interceda. E não será uma enchente. Afinal, tudo indica que o atual prefeito conquistou mais eleitores do que perdeu diante do último evento.

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