Um ano da tragédia, e nenhuma casa definitiva no Vale

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Um ano da tragédia, e nenhuma casa definitiva no Vale

A tragédia de setembro completa um ano nesta semana. E tudo o que mais temíamos se confirmou. Passados 12 meses do evento climático, e nenhuma unidade habitacional definitiva foi entregue pelos governos estadual e federal. Aliás, nenhum tijolo foi cimentado nesses dolorosos doze meses. Ou seja, e diferente das promessas do governador e do presidente da República, o Vale do Taquari também foi vítima da burocracia. E o pior. Ninguém está surpreso com tal morosidade.

Pelo contrário. Vítimas e representantes regionais já sabiam, de antemão, que todas as promessas e palanques não seriam suficientes para aliviar a dor de quem perdeu tudo para a enchente. Todos já sabiam, de antemão, que as palavras bonitas e os books fotográficos em meio aos destroços tinham como principal propósito aliviar as críticas aos agentes públicos. É uma pena. Mas é a realidade.

Leite entrega casas temporárias

O governador Eduardo Leite (PSDB) retorna hoje à cidade de Cruzeiro do Sul para entregar 18 casas temporárias para famílias atingidas pelas recentes catástrofes climáticas. A intenção do governo estadual era entregar 28 unidades. Entretanto, 10 ainda não foram finalizadas e devem ser entregues só na próxima semana. Além da entrega, o chefe do Executivo gaúcho pretende assinar a regulamentação do programa Porta de Entrada, uma iniciativa que ele já havia anunciado de forma extraoficial durante uma outra visita dele à região, no fim de maio passado.

Estrela oficializa parceria com Osasco

O governo de Estrela oficializou a parceria institucional com a cidade de Osasco (SP). A partir de um decreto assinado pelo prefeito Elmar Schneider (MDB), os dois municípios serão declarados “cidades irmãs”. A proximidade entre as duas municipalidades iniciou durante o período mais crítico da enchente de maio passado, quando a administração pública de Osasco adotou os estrelenses e enviou recursos e material humano para auxiliar na reconstrução e limpeza. Além disso, a mobilização voluntária envolveu a atuação da Defesa Civil de Osasco, de uma equipe médica, veterinários especialistas em animais de pequeno e grande porte, bem como a participação de um grupo de voluntários do Jeep Clube Comando Oeste, que utilizou recursos próprios para acessar áreas de difícil acesso, com veículos e barcos apropriados.

MP verifica escola atingida

O Ministério Público instaurou um inquérito civil para verificar o processo de reestruturação da EMEF Jacob Sehn, em Cruzeiro do Sul. A investigação é conduzida pelo promotor de justiça Carlos Augusto Fiorioli. Duramente atingida pela enchente de maio, a escola instalada no bairro Glucostark retomou as atividades em julho, antes do término das obras de reconstrução e limpeza.

Ampliação da prefeitura

Além da reforma da sede do Executivo de Lajeado, a administração municipal também projeta a construção de novos prédios para abrigar secretarias. Os imóveis escolhidos para a referida obra são vizinhos ao atual prédio do governo municipal, e também foram atingidos pela enchente de maio.

R$ 3 bilhões às ferrovias?

Os trechos da malha ferroviária do RS devem demorar anos para serem recuperados após as enchentes e os custos (estimados) podem chegar a R$ 3 bilhões. Ao todo, 800 km (do total de 1,7 mil km) devem passar por intervenção, além de cinco pontes e viadutos utilizados pelos trens. As regiões mais afetadas ficam nos vales do Rio Pardo e Taquari, e também na Serra. A nossa Ferrovia do Trigo, entre Roca Sales e Passo Fundo, tem estragos maiores no trecho entre Muçum a Guaporé.

TIRO CURTO

  • As imagens da campanha eleitoral em Taquari são curiosas. E demonstram que o capital político do ex-prefeito Maneco Hassen (PT) continua em alta na nova oposição. Prova disso é a aparição dele nos mais diversos eventos realizados pela sigla e pelo PSDB.
  • Ex-deputado federal, Onix Lorenzoni (PL) esteve em Colinas na tarde de segunda-feira. E também passou por Lajeado e Estrela. Em solo estrelense, ele almoçou na casa do prefeito Elmar Schneider. Candidato a governador derrotado em 2022, ele veio à região para auxiliar as campanhas do PL.
  • Os candidatos a prefeito de Paverama e Dois Lajeados decidiram não participar dos debates eleitorais programados pelo Grupo A Hora. É uma pena. Perdem os eleitores. Tomara que novos casos não surjam nos próximos dias. Afinal, os debates são saudáveis à democracia.
  • O incêndio na área dos entulhos da enchente em Estrela geraram diversos comentários nos bastidores. E as possíveis causas levantadas pelos comentaristas de plantão são curiosas. Mas, e ao fim de tudo, cabe à Polícia Civil encontrar os verdadeiros culpados e encerrar com as especulações.
  • A Defensoria Pública da União (DPU) realiza em Lajeado, de 9 a 13 de setembro, a segunda “Caravana de Direitos na Reconstrução do Estado do Rio Grande do Sul”. A iniciativa tem como objetivo a prestação de assistência jurídica gratuita aos afetados pelas chuvas, e o atendimento será na sede do Centro Especial de Apoio aos Atingidos pelas Cheias (Ceapac), no Centro da cidade.
  • Eu não uso o X (ou Twitter, para os menos interessados). Mas sei que muitas pessoas e empresas dependem da ferramenta para os negócios. Portanto, a decisão do STF e a teimosia do proprietário atingem milhares (ou milhões?) de brasileiros. E isso não poderia ser tratado com tanta polarização.

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