A meta de 6 pontos exigida pelo Ministério da Educação, a partir do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para os anos iniciais do Fundamental, foi atingida por 86 escolas da rede pública do Vale do Taquari em 38 cidades.
Assim como foi do 6º ao 9º ano (anos finais), o colégio Mundo Encantado, de Encantado, teve a maior nota geral do Vale. Nos anos iniciais, ficou com 7,7 pontos. Em seguida, duas instituições de Lajeado, a Pedro Welter e a Universitário (ambas com 7,6).
“Mantemos como uma das prioridades o cuidado com os professores. Acreditamos que se os profissionais da educação se sentem bem, se são valorizados, os resultados aparecem”, diz a diretora da Mundo Encantado, Kaise Radaelli.
A escola tem 372 alunos matriculados, com uma demanda constante, diz a diretora. Pela metodologia, há trabalhos para projetos e preferência por professores de carreira, com atribuição exclusiva. A equipe tem cerca de 44 profissionais, entre coordenadores pedagógicos, docentes, direção, higiene e alimentação.
O Ideb é calculado a partir de rendimento escolar, níveis de aprovação e médias de desempenho nos exames padronizados aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
A nota avalia uma escala de zero a dez. A série de resultados iniciou em 2007, quando foram estabelecidas as metas bienais de qualidade para o país, estados, municípios e escolas.
Melhores notas
- Mundo Encantado (Encantado, municipal) – 7,7
- Pedro Welter (Lajeado, municipal) – 7,6
- Universitário (Lajeado, municipal) – 7,6
- Santo Antônio (Relvado, municipal) – 7,5
- Tancredo Neves (Teutônia, estadual) – 7,5
Piores notas
- Nardy de Farias Alvim (Taquari, estadual) – 5,1
- Professora Ana Job (Taquari, estadual) – 5,1
- Construindo o Saber (Arroio do Meio, municipal) – 5
- Alfredo Lopes da Silva (Lajeado, municipal) – 4,8
- Francisco Oscar Karnal (Lajeado, municipal) – 4,2
Detalhes
O Ideb é calculado a partir de indicadores como rendimento escolar, níveis de aprovação, e médias de desempenho em exames padronizados aplicados pelo Inep.
A escala de avaliação vai de zero a dez, e as metas de qualidade foram estabelecidas a partir de 2007, com resultados tabulados a cada dois anos.
Série de reportagens
Desde a divulgação dos dados do Ideb, em 14 de agosto, o A Hora pormenorizar os dados e fez um recorte regional de cada um dos níveis. Confira um resumo dos resultados no Vale do Taquari
Ensino médio
- Das mais de 60 escolas de Ensino Médio da rede estadual em 38 municípios, 29 foram avaliadas pelo Ideb.
- Apenas duas atingiram a meta estipulada pelo Ministério da Educação de 5,3 pontos.
- Monsenhor Seger, em Travesseiro, e o colégio estadual de Westfália, atingiram a meta do Ideb no Ensino Médio com notas de 5,6 e 5,5, respectivamente.
- No RS, a média do Ensino Médio foi de 4,2 pontos, ligeiramente abaixo da média nacional de 4,3. O RS manteve-se na 11ª posição entre os estados.
Ensino fundamental (Anos finais)
- Entre as 141 escolas públicas da região, 96 foram avaliadas e 40 atingiram a meta nacional.
- De 96 escolas avaliadas, 40 superaram a meta nacional de 5,5 pontos, destacando-se na rede pública municipal e estadual.
- A Escola Mundo Encantado, de Encantado, obteve 7,2 pontos, a terceira melhor nota do RS. Em seguida, a Escola Brasília, de Bom Retiro do Sul, alcançou 6,9 pontos.
- A rede pública no Vale do Taquari se destacou, superando a média nacional e a média das instituições gaúchas.
- No RS, a média dos anos finais do Fundamental foi de 4,9 pontos, a menor entre os estados do Sul do Brasil.
- O Estado ficou na 11ª posição nacional nos anos finais do Fundamental.
- O maior problema identificado foi a alta repetência, com o RS ocupando o 21º lugar nacional em aprovação nos anos finais.
Entrevista
Grasiela Bublitz, doutora em Linguística, professora da Univates
“Professores preparados e atualizados fazem a diferença”
Hora – O Ideb dos anos iniciais mostra que o desempenho das escolas é melhor na comparação com os outros níveis. Qual o motivo?
Grasiela Bublitz – Esses índices mostram que os municípios estão se mobilizando, ou seja, realizando ações no sentido de promover formação continuada aos professores a fim de melhorar o processo de alfabetização. Outras ações nesse sentido também foram organizadas pelo Estado, a exemplo do Alfabetiza Tchê. Inclusive a Univates participou da iniciativa, abordando assuntos como a importância do desenvolvimento da consciência fonológica, habilidade fundamental para apropriação do sistema alfabético, e a fluência leitora, essencial para se chegar à compreensão leitora. Professores preparados e atualizados fazem a diferença.
Por que há tanta discrepância entre as redes públicas de educação entre estado e município? Pois o desempenho das escolas municipais costuma ser melhor.
Grasiela – Os municípios, por serem menores, talvez tenham maior agilidade em perceber os problemas de suas redes e tomar decisões assertivas. Promover reuniões de planejamento, reflexões e jornadas de formação pedagógica sobre o tema, com apoio de universidades locais, faz toda a diferença numa gestão comprometida. A Univates, por exemplo, vem atuando nessa frente nos últimos anos, principalmente depois da pandemia. O Projeto Alfabeletrando (laboratório de alfabetização) surgiu do interesse de alguns municípios com o intuito de resgatar a alfabetização dos alunos prejudicados pelo fechamento das escolas.
De que maneira a avaliação pode ser usada pelas gestões das secretarias de educação, diretores e professores?
Grasiela – Essa análise deve ser feita por todos os professores da rede, em um movimento que parta da gestão. É preciso observar onde estão os pontos a serem melhorados, inclusive nas questões das avaliações. Uma rede que trabalha unida já tem meio caminho andado. Atuando nas formações continuadas de diversos municípios da região e do Estado, percebo que quando a gestão é propositiva e acredita no quadro docente é possível atingir qualquer conquista.