Se um dia contarem minha história, digam que andei…

Opinião

Carlos Cyrne

Carlos Cyrne

Professor da Univates

Assuntos e temas do cotidiano

Se um dia contarem minha história, digam que andei…

No filme Tróia de 2004, estrelado por Brad Pitt, em determinado momento, quase ao final do filme, a frase: “Se um dia contarem minha história, digam que andei com gigantes. Homens se erguem e caem, como trigos no inverno. Mas, jamais perecerão. Que digam que vivi na época de Heitor, domador de cavalos. Que digam que vivi na época de Aquiles”, é proferida. Nesta terça-feira, 27, me despedi de um Gigante.

Assim como os heróis da Antiguidade, Professor Roque Danilo Bersch era um gigante em sua época.
Durante quase duas décadas, tive a honra de caminhar ao seu lado, compartilhando desafios e conquistas no ambiente acadêmico. E, como os grandes homens que nos precederam, ele deixou uma contribuição que jamais perecerá. Professor Roque não era apenas um educador, ele era uma força da natureza.

Com um caráter ilibado, guiado por princípios inabaláveis, ele dedicou sua vida à educação e ao desenvolvimento comunitário. Sua paixão pelo ensino era evidente em cada palavra que proferia, em cada aula que ministrava, e em cada decisão que tomava para o bem da comunidade acadêmica. Nascido em uma família de professores, Roque Bersch desde cedo demonstrou uma fome insaciável por conhecimento e uma determinação singular para compartilhar esse conhecimento com o mundo.

Sua trajetória é marcada por uma dedicação incansável, que o levou a se tornar não apenas um professor, mas um verdadeiro mentor para todos aqueles que tiveram a sorte de cruzar seu caminho. Na educação superior, sua marca é indelével. Ele acreditava profundamente que a educação era a chave para a transformação social e trabalhou arduamente para garantir que a Universidade do Vale do Taquari – Univates, fosse um farol de excelência no ensino.

Sua visão e seu comprometimento ajudaram a moldar a instituição, transformando-a em um centro de aprendizado que ecoa até os dias de hoje. Mas, além de suas realizações profissionais, foi a sua humanidade que mais me tocou. Professor Roque era alguém com quem se podia contar, um homem que nunca hesitou em estender a mão, seja para apoiar um colega em dificuldades, seja para orientar um estudante que precisava de um conselho. Ele compreendia o verdadeiro significado de comunidade, e seu exemplo continua a inspirar todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

Roque Bersch era, sem dúvida, um gigante. Não pelas suas realizações materiais, mas pela grandeza de seu espírito e pela profundidade de seu compromisso com os outros. Ele viveu intensamente, dedicando-se a causas maiores do que ele mesmo, e deixou um legado que continuará a inspirar gerações futuras. Se um dia contarem minha história, que digam que vivi na época de Roque Danilo Bersch. E, apesar de todo o seu envolvimento com a comunidade e a academia, foi na família que ele encontrou seu verdadeiro porto seguro.

Com sua esposa, Maria Dolores, construiu uma família sólida, alicerçada nos mesmos valores que ele cultivava em sua vida profissional: respeito, amor e dedicação. Seus filhos são o testemunho vivo de sua liderança e de seu amor incondicional, carregando consigo os ensinamentos de um homem que sempre colocou os outros em primeiro lugar. Que digam que tive o privilégio de andar com um gigante, um homem cuja vida foi uma lição de coragem, dedicação e amor ao próximo. Que sua memória continue a iluminar nossos caminhos e a nos lembrar que, assim como ele, podemos também ser gigantes naquilo que fazemos e na maneira como tocamos a vida dos outros.

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