Estava sábado de tarde no centro de Lajeado. Na Júlio de Castilhos, uma grande movimentação. Tinha cabo eleitoral correndo com câmeras de fotografia e celulares fazendo imagens. Tudo para registrar a ação nas redes sociais e plataformas digitais.
Uma pessoa se aproxima de mim e diz: – vou deixar isso contigo. Era um santinho. Olhei a foto, e era a mesma pessoa que me entregou. Esse candidato(a) a vereador nem se apresentou. Não pediu o voto! Tanto que nem lembro o nome.
Será que os políticos desaprenderam a fazer campanha na rua?
Estão mais preocupados em “bombar” na internet do que em ter uma interação no mundo real. Foi isso que pensei.
A campanha começou candidato. Faça algo para ser lembrado pelo eleitor (e não será no Instagram). Vou dar uma aula de graça para você. Se apresente. Fale seu nome, de maneira clara e pausada. Relate um pouco da sua vida e por que merece ser escolhido. No fim, diga: – Conto com o teu apoio (ou voto, se preferir). Dá para fazer tudo isso em no máximo dois minutos.
Pente-fino do governo tira das políticas sociais
A revisão no orçamento federal para 2025, apresentada na tarde de ontem, causou polvorosa na base militante do Partido dos Trabalhadores. Tudo por conta de onde serão os cortes. Vai sair do Bolsa Família, no Benefício de Prestação Continuada, da Previdência, do seguro agrícola (Proagro), da Saúde e da Educação. (confira ao lado).
Políticas voltadas aos níveis mais carentes da população terão menos recursos até o fim do ano. Tudo para atender o “arcabouço fiscal” e acalmar a mão invisível do mercado. A turma de vermelho não gostou. “Fica difícil defender o governo, porque de novo quem paga a conta para manter privilégios são os mais pobres”, bradou um internauta.
Quando eu vejo os cortes na previdência, lembro-me do saudoso Bezerra da Silva. Na no início dos anos de 1990, ele sambista cantou: “Socorro, está pedindo o pobre aposentado, pra receber seus trocados ele tem que brigar com os ‘homi’ da lei.”
Influenciadores na política
O livro de Yascha Mounk, cientista político e escritor alemão, “O Povo Contra a Democracia”, faz uma análise sobre a crise nas democracias liberais pelo mundo. Publicado em 2019, a pesquisa mostra evidências de como a democracia está em perigo devido ao crescimento do populismo autoritário e da perda de confiança das pessoas com os sistemas políticos.
A ascensão de Bolsonaro é um dos estudos apresentados na obra. Em diversas democracias do mundo, surgem candidatos que seriam o outsiders, vendem uma ideia de que vão romper com tudo o que está aí. Assumem uma bandeira de salvador.
Na eleição de São Paulo, vemos um novo exemplo. Pablo Marçal. A diferença é que este “novo” político vem de outra esfera. Um influenciador, com milhões de seguidores. A maior cidade do país serve de termômetro para as próximas campanhas. Veremos em mais locais uma repetição dessa estratégia eleitoral, sustentada no confronto, na ofensa e na agressividade.