O futebol brasileiro vive uma importante mudança de forças e isso deveria estar no escopo de torcedores e da Dupla Gre-Nal. Estamos em agosto, quase setembro, e Grêmio e Internacional sabem que só tem o Brasileirão para jogar até dezembro. Até pior, são coadjuvantes na competição. Já brigaram contra o rebaixamento, no momento vivem no meio da tabela. São times que trocam pontos, mas que não assustam nenhum adversário no momento.
Outros clubes, na teoria menores em grandeza, vivem fases melhores e dão indícios de que não é um momento passageiro. O líder do Brasileirão é o Fortaleza, equipe que ainda disputa a Sul-Americana. O vice-líder é o Botafogo, que também está nas quartas de final da Libertadores. Bahia está na sexta colocação, e ainda disputa o título da Copa do Brasil.
Isso só para ficar em clubes que disputam de igual ou tem menor relevância no cenário nacional em relação a Inter e Grêmio. E onde está a dupla mais querida do Rio Grande do Sul nesta briga? Para mim, só tem perdido espaço. O investimento que aqui é exorbitante, é só mais um gasto para os ricos do país. A gestão que aqui é tida como boa, é ruim perto do que faz o Fortaleza. Até as torcidas do estado têm ficado para trás com as chatas vaias a qualquer oscilação na temporada.
Tem faltado até identidade para os rivais gaúchos, que poderiam explorar muito melhor a sua marca e se posicionar de forma mais acertiva e agressiva. Estamos no Sul do país, distante de quase todo o resto do Brasil, próximos de Uruguai e Argentina, com cultura única frente a outros estados. Essa é uma briga que poderia ser comprada.
Se não há dinheiro, se falta qualidade de gestão, por que não se posicionar de forma diferente e chamar atenção a partir da cultura e identidade de clube? No mundo não faltam exemplos de clubes que brigam com gigantes assim.
Na Espanha há o Athletic Bilbao e sua política única de só usar atletas bascos. O Sevilla e a grande galeria de títulos da Liga Europa a partir de uma política de contratações centrada no diretor esportivo Monchi. Na Inglaterra, clubes emergentes e que figuram bem na Premier League como o Brentford e o uso sem igual da ciência de dados, ou o Brighton e a ascensão a partir de apostas em mercados emergentes.
Inter e Grêmio tem possibilidade de “não serem só mais um” no futebol brasileiro. Mas para isso, precisam repensar profundamente o que querem e como querem se posicionar. O debate sobre virar SAF já deveria ter sido aberto. Mas não é a única possibilidade. Achar uma identidade de clube, e acreditar nela acima de qualquer troca de gestão, também pode ser uma saída.