Se nos “comportarmos”, recuperação do PIB pode levar dois anos

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Se nos “comportarmos”, recuperação do PIB pode levar dois anos

Vice-governador do RS, Gabriel Souza (MDB) é o presidente do Conselho do Plano Rio Grande e esteve em Lajeado na sexta-feira para debater demandas de reconstrução e resiliência climática com prefeitos, empresários e agentes públicos e privados da Associação de Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e da Associação dos Municípios do Alto Taquari (Amat). O encontro ocorreu no auditório do prédio 7 da Univates, um espaço que já recebeu dezenas de autoridades desde a trágica enchente de setembro do ano passado. E desta vez o recado do Estado foi ainda mais claro: para mitigar os efeitos das tragédias, precisamos nos comportar bem como sociedade coletiva.

Souza se referia aos mais diversos embates ideológicos, pessoais, políticos, burocráticos e partidários que, por vezes, atrasam os necessários processos e obras de reconstrução. Em suma, o vice-governador cobrou mais aliança e agilidade, e menos picuinhas entre os atores envolvidos direta ou indiretamente neste movimento coletivo. Ele também se comprometeu – em nome do governo estadual – a auxiliar ainda mais os municípios e Coredes. Tudo isso para recuperar os impactos negativos sobre o PIB gaúcho dentro de um prazo máximo de dois anos. Caso contrário, e em um cenário bem pessimista, o rombo pode perdurar mais e o prejuízo passar a cifra de R$ 80 bi.

“Os prefeitos estão tontos”

Promotor de justiça designado para observar os movimentos pós-enchentes no Vale do Taquari, Sérgio Diefenbach participou da câmara temática sobre o Plano Rio Grande. E chamou a atenção do vice-governador para uma realidade preocupante: o esgotamento dos prefeitos e moradores do Vale do Taquari. “Os prefeitos estão se desintegrando como pessoas. Estão tontos”, salientou o representante do Ministério Público, citando as recentes enchentes e, também, o início do período de campanha eleitoral. Diefenbach também alertou Gabriel Souza (MDB) sobre as incertezas e inseguranças que permeiam a região com a demora na entrega das residências populares e os poucos avanços desde setembro do ano passado. “Se houver um novo setembro, a estrutura será bem parecida com a tragédia de maio”, finalizou. E isso é muito preocupante, reforço.

A ponte e o Natal

Secretário de Transporte e Logística do RS, Juvir Costella participou do evento dessa sexta-feira em Lajeado e voltou a afirmar que a nova ponte da ERS-130, entre Lajeado e Arroio do Meio, será finalizada até o Natal de 2024. “É preciso superação por parte do Estado e da empresa. O contrato está assinado e o recurso empenhado. Espero que o tempo colabore”. Ele também falou sobre as desconfianças. “Há engenheiros duvidando. Que bom, adoro que nos fiscalizem”, finalizou.

Projetos via Consisa

O governo estadual aguarda a apresentação de projetos por parte das administrações municipais para liberar recursos via Plano Rio Grande. E mais. De acordo com o vice-governador Gabriel Souza, é possível encaminhar propostas via consórcio intermunicipal. Ou seja, é hora de se valer do nosso Consisa para auxiliar os pequenos municípios cujos gestores já estão esgotados desde setembro. Mas, e para isso, é preciso que o importante Consisa esteja atento. E presente.

Vice-governador anuncia sede à DC Regional

O Vale do Taquari vai receber uma sede para a Defesa Civil Regional. A estrutura deve ficar em Lajeado. Segundo o vice-governador, o investimento faz parte de um “grande projeto de reestruturação da Defesa Civil Estadual” que envolve a contratação de mais servidores – deve passar de 39 para 169 servidores –, sala de monitoramento, compra de equipamentos, veículos e helicópteros, além da criação de um Centro Estadual de Gerenciamento de Risco e Desastres do RS, em Porto Alegre, que deve ser entregue até o fim de 2025. Todas as ações são extremamente importantes. Desde que saiam do papel, é claro. Sobre a sede da DC Regional no Vale, por exemplo, ainda não há um terreno ou imóvel definido.

TIRO CURTO

  • Prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo (PP) utilizou seus poucos minutos durante a Câmara Temática do Plano Rio Grande para comentar com o vice-governador sobre as vias municipais do Bairro Olarias que, a partir da ponte do exército, se transformaram em estradas estaduais.
  • Já o presidente da CIC/VT, Ângelo Fontana, cobrou um “fundo garantidor” para as empresas.
  • O turismo também esteve em debate. E o vice-governador afirmou que a conclusão da “maior ciclovia da América Latina” entre Estrela e Colinas ainda está no plano de governo.
  • Representante da Amturvales, Charles Rossner fez coro aos prefeitos e cobrou mais empenho do Estado para pressionar a Rumo Logística a reformar os trilhos da Ferrovia do Trigo. Além da logística, a preocupação é com o turismo. Só o Trem dos Vales movimenta 350 empreendimentos.
  • O vice-governador Gabriel Souza (MDB) também atualizou os números da catástrofe. São 2,5 mil gaúchos ainda em ginásios e 4,6 mil animais em abrigos. Sobre os animais, ele antecipou que o governo estadual vai lançar um programa de auxílio aos municípios na próxima semana.
  • Para finalizar, um pouco de eleições. Na 29ª Zona Eleitoral, o Ministério Público finaliza mais de 450 análises individuais dos DRAP´S (Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários) e RCC (Requerimento de Registro de Candidatura). E ainda é preciso analisar outros 200 processos semelhantes. E o mesmo MP já analisa um pedido de impugnação em Cruzeiro do Sul.
  • E mais. Outros candidatos a prefeito esqueceram de apagar postagens de eleições anteriores e muito provavelmente serão notícias por “propaganda antecipada”.

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