A inquietude de empresários, líderes, e a união de esforços, são impulsos para a retomada da economia regional. Passados mais de 100 dias da tragédia de maio e quase um ano da catástrofe de setembro, o esforço mutuo proporciona boas perspectivas aos negócios locais.
Entre os cenários, empresas que decidiram buscar novas plantas industriais. Outras apostaram na reformulação completa. E algumas que, mesmo estando no epicentro do caos climático que atingiu o estado, mantiveram seus investimentos e projetam bons números para o final de 2024.
Empresários percebem desafios e oportunidades neste segundo semestre. Com espaço para crescer, marcas tradicionais miram mercados para fora do RS e reforçam a base na região. É o caso da Fruki, que além de conquistar o consumidor gaúcho, também se consolida em Santa Catarina.
Trabalho incessante para levar energia à região
A Cooperativa Certel, foi umas das empresas da região que foram fortemente impactadas pelas cheias do último ano. Segundo o presidente da cooperativa de eletrificação, Erineo José Hennemann, “os prejuízos somam de R$ 50 milhões na geração de energia, que são as nossas usinas e R$ 30 milhões nas linhas de transmissão e redes de distribuição. Ainda assim todos os associados tiveram sua energia restabelecida”. Agora as atenções se voltam para as manutenções, visando o período de maior consumo de energia, que é o verão.
Para o vice-presidente da Certel, Daniel Luis Sechi, os sistemas de distribuição estão todos prontos e funcionando. Para linhas de transmissão do Rio Taquari e Forquetinha os estudos estão avançados para serem instaladas torres muito maiores que as que existiam no local, a fim de evitar quaisquer possíveis transtornos que novos eventos climáticos possam causar. Sechi ainda destacou que “a conexão com a RGE, que antes era provisória, agora tornou-se permanente. Foram alternativas encontradas a partir dos eventos dos últimos meses na região”.
A cooperativa também buscou linhas de crédito junto ao BNDES. Já estão disponíveis R$ 15 milhões para a usina Salto Forqueta. Para a usina de Rastro Alto, estão ainda em trâmite, são R$ 4,5 milhões e outros R$ 7,5 milhões para a Certel Energia. Esses valores, somados, chegam a R$ 27 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Melhor momento em 100 anos
Com menos de 12 meses desde a inauguração, a Fruki Bebidas fará novos investimentos em Paverama. Com esse aporte, a capacidade produtiva aumenta em 50%. Além disso as obras de um novo prédio, de 14 mil m², já estão com canteiro de obras instalado. A nova fase de expansão projeta investimentos de R$ 130 milhões. O recurso compreende a ampliação do prédio e aquisições de novas linhas de envase.
Em Paverama a aquisição de uma segunda linha de envase PET, que produzirá os SKUs 500ml, 2 e 3 litros, faz parte da expansão dessa linha de produtos. A instalação será na planta original, inaugurada em dezembro e com a capacidade já prevista. Essa nova etapa deve ficar pronta em maio do ano que vem. A produção das linhas de envase deve começar a produzir em 2026. Em Lajeado, será instalada uma nova linha de envase, para produtos de 5 litros, com capacidade de produção de 5 mil garrafas por hora.
O plano de investimento da Fruki, leva em conta a previsão de crescimento para 10 anos, a redução de custos de armazenagem externa, os projetos de industrialização para terceiros, e a necessidade de aumentar a capacidade produtiva de PET.
“A Fruki vive seu melhor momento”, ressaltou a diretora-presidente da empresa, Aline Eggers Bagatini.
Estrutura longe das águas
A empresa com 19 anos no mercado, começou as obras da nova sede. A estrutura está sendo construída no espaço do 386 Business Park, às margens da br 386 em Estrela. A área é de aproximadamente 7700 m2, sendo 4 mil m2 de pavilhão, o restante do espaço será destinado a engenharia e administração.
Para os sócios da STW, Carlos Eduardo Pichler, Junior André Sulzbach, Canísio José Vogel e Anderson Rambo, “a obra é um marco de crescimento da empresa”. A previsão de conclusão é de março do ano que vem.
Resiliência que supera a força das águas
Em meio a tragédia que abalou o estado, a rede de Lojas Benoit buscou em 2024 a consolidação de novos mercados, rumo às 300 lojas da empresa. A Lojas Benoit foi mais uma entre as milhares de empresas atingidas com a catástrofe. No total, foram 15 lojas Benoit destruídas pelas cheias. Em algumas cidades, as lojas foram levadas inteiras embora, com todas as suas mercadorias e estoques.
Em alguns dias foram restabelecidas lojas em diversos municípios, proporcionando atendimentos ágeis e auxiliando em todas as frentes nas quais atua, principalmente para que famílias e pessoas pudessem se reerguer.
Mesmo com um ano desafiador, foram 10 inaugurações e 13 reinaugurações, com novas estruturas e ampliações. Ainda em 2024, a rede lajeadense vai inaugurar mais lojas em Ilópolis, Seberi, Ronda Alta, Lauro Muller, Biguaçu e Canelinhas. Essas cidades vão receber até o final deste ano, a Lojas Benoit.
Complexo acerto de contas da Languiru
O presidente liquidante da Cooperativa Languiru, Paulo Birck, confirmou que as negociações entre a cooperativa e o credor que tem o incubatório de aves em garantia, estão em andamento. Nesse momento, a Carrer tem um contrato de arrendamento com a Languiru, assinado por 18 meses. Segundo o presidente, esse movimento permite que o valor da dívida com o credor possa ser negociado, e o incubatório ainda gere uma receita mensal para a cooperativa. Ainda segundo Birk, tudo indica que a negociação da ação em pagamento seja concluída em breve. Em setembro, a cooperativa terá dois importantes encontros dos associados, nos dias 10 e 24. No primeiro deles, o resultado da auditoria investigativa será apresentado.