O Conselho do Plano Rio Grande se reuniu em Lajeado na tarde de sexta-feira, 23, para debater as demandas de reconstrução e resiliência climática do Vale do Taquari. Durante o encontro, que ocorreu no auditório do prédio 7 da Univates, o vice-governador e presidente do Conselho, Gabriel Souza, anunciou a construção de uma sede regional da Defesa Civil para a região. A unidade ficará alocada em Lajeado.
“A Assembleia Legislativa já aprovou uma lei que concede mais servidores à Defesa Civil estadual. Hoje nós temos 39 servidores e iremos para 169. Todos eles militares que vão trabalhar para fortalecer as defesas civis locais”, revela Gabriel. A sede será o local destinado a armazenar os equipamentos de resgate e estabelecer as salas de monitoramento. “É uma sede para que possamos ter condições de construir soluções em conjunto, de maneira colaborativa, com todas as cidades”.
A atividade do Plano Rio Grande foi coordenada de forma conjunta pela Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e a Associação dos Municípios do Alto Taquari (Amat). Também estiveram presentes gestores públicos dos municípios do Vale e de entidades regionais, além do secretário-executivo do Plano Rio Grande e ex-presidente da Federação das Associações dos Municípios do RS (Famurs), Paulinho Salerno.
Recuperação de pontes e rodovias
O governo gaúcho investirá cerca de R$ 1 bilhão para recuperar as pontes e rodovias em todo estado. No Vale do Taquari, as atenções se voltam para as pontes sobre na ERS-130, entre Lajeado e Arroio do Meio; na ERS-332, entre Encantado e Arvorezinha; e na ERS-433, entre Relvado e Encantado.
“Essas reconstruções de pontes demandam estudo técnico e projetos de engenharia. Vamos ter que fazer pontes maiores, mais robustas e mais altas, o que também demandará impactos nas rodovias”, afirma o vice-governador.
Os pontos de bloqueio nas rodovias do Vale do Taquari estão entre as 30 obras prioritárias do estado, sendo que para a ERS-129, entre Colinas e Roca Sales, serão investidos R$15 milhões. Já no trecho entre Muçum e Vespasiano, o governo do estado atribuirá R$9 milhões, destinados a instalação do novo pavimento e estrutura complementar.
Os outros trechos que devem receber melhorias incluem as ERS-332, 421, 422, 431, 433 e 444.
Malha ferroviária
A Rumo Logística, concessionária responsável pela malha ferroviária do estado, solicitou uma nova data para apresentação do diagnóstico. De acordo com Gabriel, o novo prazo é 02 de setembro. “A Rumo é a única concessionária, de qualquer setor que foi atingido pela calamidade, que não entregou até hoje, dia 23 de agosto, nenhum diagnóstico”, destaca.
O vice-governador afirma que realiza reuniões periódicas com o secretário nacional de ferrovias, Leonardo Ribeiro, o qual também se sente desrespeitado pela falta de informação da concessionária e a incerteza do cenário. A Rumo havia agendado a reunião do diagnóstico para o dia 19 de agosto, mas cancelou na última sexta-feira, quando solicitou o novo prazo.
A ausência de informações impede que o governo do estado compreenda plenamente a situação da malha ferroviária, crucial para a retomada da economia e turismo no Vale. Hoje, o RS não tem conexão com o resto do país por trem, devido a interrupção da malha ferroviária.
“É impressionante o desrespeito da Rumo com o estado do Rio Grande do Sul. É um desrespeito com os gaúchos, porque o patrimônio não é da Rumo, é da União Federal que está concedido a uma empresa privada”, desabafa Gabriel.
Melhorias no monitoramento
Radares hidrometeorológicos e equipamentos serão instalados em pontos estratégicos do território gaúcho, em parceria com a CPRM, estatal de geologia, para auxiliar na qualificação da previsão de eventos climáticos.
Além disso, haverá investimento em equipamentos para as forças de segurança, corpo de bombeiros, brigada militar, polícia civil e defesa civil.
Solicitações regionais
As entidades do Vale do Taquari encaminharam um documento com o levantamento de demandas regionais ao Plano Rio Grande. Confira alguns dos tópicos abordados:
Agronegócio
• Anistia de dívidas
• Moradias rurais
• Crédito para custeio e investimento
Rodovias, pontes e aeroportos
• Conexões entre o Vale do Taquari e outras regiões do estado
• Recuperação de trechos e acessos
• Desassoreamento do rio
Habitação
• Construção de 5 mil novas moradias
Indústria, comércio e serviço
• Linhas de financiamento adequadas às necessidades territoriais e por tipo de negócio
Plano para o desenvolvimento
• Restabelecimento e ampliação logística
• Ampliação das infraestruturas, como estradas e linhas de transmissão
Cadeia produtiva
• Apoio a agricultura familiar
• Fortalecimento do Programas de Aquisição de Alimentos – PAA
• Fortalecimento da assistência técnica
• Apoio e reforço orçamentário aos municípios para recomposição da infraestrutura
Otimização e resiliência para enchentes
• Obras estruturais para contenção das cheias
• Criação de um Plano de Contingência Regional e Municipal
• Fortalecimento da estrutura de assistência social e de saúde
• Identificar ou revisitar as áreas de preservação permanente