Fatores externos obrigam mudança nas propriedades

SEMINÁRIO EM teutônia

Fatores externos obrigam mudança nas propriedades

Exigência para mais produtividade em meio a decorrência de episódios climáticos adversos desafia cadeia do agro no Vale do Taquari

Fatores externos obrigam mudança nas propriedades
Promotor de Sérgio Diefenbach palestrou no primeiro painel do evento. (Foto: Felipe Neitzke)
Vale do Taquari

O perfil agropastoril do Vale do Taquari tem como principais pilares a suinocultura, aves e pecuária leiteira. Nas lavouras, soja, milho e pastagens servem como base para alimentação das criações e, em alguns casos, reforço na renda das famílias campesinas.

Diante da inconstância climática, com períodos de secas extremas e chuvas acima da média, as propriedades rurais sentem prejuízos repetidos. Em uma curva de quatro anos, foram pelo menos duas safras frustradas pela estiagem. De setembro a maio, três grandes inundações.

Como forma de compreender a interferência das mudanças climáticas no ambiente e os impactos dentro das propriedades, o Grupo A Hora, em parceria com o Colégio Teutônia, promoveu ontem o Seminário Pensar o Vale.

O evento ocorreu no auditório da instituição de ensino, em Teutônia, com participação de especialistas, autoridades e produtores rurais. Na avaliação do diretor do colégio, Mauro Nüske, a programação teve o propósito de chamar atenção para os modelos atuais e o que o produtor rural precisa aprender para garantir a sustentabilidade.

As atividades foram na manhã e tarde, com dois painéis centrais, com observações sobre fatores externos e como tornar as propriedades rurais mais resilientes. Em meio aos debates, agricultores e profissionais técnicos apresentaram vivências e métodos de produção.

O Seminário Pensar o Vale – Os abalos ambientais e o impacto no campo – foi promovido pelo Grupo A Hora e pelo Colégio Teutônia, com o apoio de Emater/Ascar-RS e Câmara da Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), com patrocínio de Reinigend Química do Brasil e da Cooperativa de Crédito Sicredi Ouro Branco.

O produtor rural de Roca Sales, Márcio Piccinini relatou o drama da família durante as cheias

O dilema da irrigação

Conforme o último censo agropecuário, o Vale do Taquari tem 22,9 mil propriedades rurais. Pela estimativa da Emater, o número de unidades com sistemas de irrigação não chega a 2%.

Entre períodos com chuva abaixo da média e outros acima, uma das soluções é adotar formas de reservar água nas propriedades. O desafio está no custo, na legislação e na complexidade dos projetos, analisa o diretor da Brasoja, Antônio Sartori.

Para ele, uma forma mais em conta para garantir resultados, tanto na lavoura de milho quanto de soja, está no manejo adequado do solo. “A irrigação é um sonho utópico. Na prática, não há como implementar em grande escala no Rio Grande do Sul.”

Para o geólogo e economista, Rogério Ortiz Porto, o tipo de terreno do Vale do Taquari torna os modelos caros e de difícil implementação. Para ele, é preciso pensar em pequenos reservatórios de água, levando em conta as características e condições de cada propriedade.

Pensar a região

O promotor de Justiça, integrante do grupo de estudos de mudanças climáticas do Ministério Público, Sérgio Diefenbach, avalia que os desafios enfrentados pela região precisam de soluções coletivas.

Com os dois momentos do seminário, o primeiro para falar de questões amplas sobre mudanças climáticas no planeta, e o segundo de ordem técnica, voltado à ações dentro da propriedade, destaca: “os momentos se complementam e demonstram a importância de entender o sistema interligado. Não há saída para nós, enquanto sociedade, se não compreendermos isso. Estamos em um único ecossistema.”

Para tanto, considera imprescindível reconhecer a importância do meio rural, da ciência, e o respeito aos espaços naturais, como forma de garantir o equilíbrio ambiental.

Diante disso, o promotor realça a urgência de estudos aprofundados sobre as áreas rurais e os formatos de produção dentro de um contexto geral e coletivo. “Nossa bacia é coletiva, nosso rio, nossas várzeas. Não podemos pensar apenas da porteira para dentro, mas sim, como um todo.”

Sobre o debate no Colégio Teutônia, resume: “gostei muito do seminário, tomara que ele se reproduza em outras esferas, em outros espaços de compreensão e de opinião, pois aqui se debateu o futuro do Vale do Taquari.”

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