O futebol brasileiro vive uma mudança na hierarquia de forças entre os clubes de elite. A tabela de classificação do Campeonato Brasileiro nos últimos campeonatos deixa isso evidenciado. Mesmo que nas últimas edições Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG tenham conquistado o título, equipes como Botafogo, Fortaleza, Bahia e Cruzeiro têm mostrado que a gestão profissional é primordial para que um clube, seja ele pequeno, médio ou grande, desponte no cenário nacional.
Palmeiras e Flamengo são as duas principais forças nos últimos cinco anos. Clubes de massa, com dinheiro, mas que também revelam jogadores a profusão e têm sido acertivos no mercado de transferências. Os paulistas acharam um técnico extra-classe e nunca mais o largaram, assim como a gestão de Leila Pereira é muito acima da média brasileira. Já os cariocas, vivem uma eterna briga com o treinador, seja qual for, após a saída de Jorge Jesus. Mas, como o clube mais rico do país que é, o Flamengo se sobressai nas contratações e não vende nenhum jogador abaixo do preço que desejar. Assim perpetua o poder faz quase uma década.
Abaixo deles aparecem os clubes que mais cresceram administrativamente nos últimos anos, muito em função das SAFs (Sociedade Anônima de Futebol), mas não só por elas. O Fortaleza tem o segundo técnico mais longevo do país, o argentino Vojvoda. É um clube que saiu da Série C do Brasileirão para se firmar na Série A e hoje brigar por títulos. Já disputou final da Copa Sul-Americana e consegue anos após ano reformular elencos e continuar brigando na parte alta da tabela. Faz pouco tempo mudou a gestão do clube para uma SAF, mas continua com a maior parte das decisões sendo tomada pelos sócios. É hoje o grande modelo a qualquer clube que queira ascender no cenário nacional.
Outro clube que, esse sim a partir da mudança de sistema de gestão para uma SAF, despontou e muito é o Botafogo. O clube carioca vive pelo segundo ano a chance clara de ser campeão brasileiro. No fim de semana goleou o Flamengo pela primeira vez desde 2008, e tem no seu dono, o americano John Textor, um dos principais agentes do futebol brasileiro atualmente. Além disso, faz parte de uma rede multiclube, que é a Eagle Football Holdings, onde também estão Lyon (França), Crystal Palace (Inglaterra) e outros clubes pelo mundo. Com isso, o Botafogo faz uso de uma expertise compartilhada com profissionais de vários cantos do mundo, melhorando relacionamentos e deixando mais acertivas as contratações e vendas. Algo muito similar ao que faz o novo rico Bahia, parte da maior rede multiclubes do mundo, o Grupo City, mesmo detentor do Manchester City.
Flamengo, Palmeiras, Fortaleza, Botafogo e Bahia são exemples de clubes que vivem a plenitude financeira, brigam na parte alta da tabela de classificação nacional, contratam jogadores com valores exorbitantes e mostram como é e será o cenário do futebol brasileiro nos próximos anos. E falando deles, não há como não pensar: como são geridos Grêmio e Internacional? Será que os nossos clubes gaúchos hoje estão em patamar de brigar com as potências consolidadas e emergentes do Brasil? Qual a solução para ambos? Eu não tenho respostas e, infelizmente, acho que as gestões da Dupla Gre-Nal também não. Mas repensar a forma como são geridos é o primeiro passo para voltar a brigar de igual com quem manda no Brasil hoje.