Como você começou na carreira musical?
Meu pai foi músico e eu iniciei aos 10 anos. Há 50 anos atuo com instrumentos e toco acordeom, teclado, bateria, flauta, trompete. Aprendi fuçando.
Como começou a atividade de tocar em velórios?
Os imigrantes alemães trouxeram para o Vale do Taquari uma tradição que Teutônia mantém viva até hoje: cantar em funerais. Quando as famílias chegaram às colônias locais, há 200 anos, reuniram-se para consolar viúvas e viúvos, entoando hinários e salmos durante os sepultamentos. Essa prática, que oferece conforto espiritual, persiste até os dias atuais, embora com menos frequência.
Os grupos de coralistas em Teutônia costumam tocar nos velórios dos integrantes. Cantamos hinos e louvores para consolar viúvas e viúvos. A música alivia a alma.
Em quantos funerais você marcou presença?
Devo ter tocado em mais de 80 funerais. A gente canta em velório com os corais, entretanto, quando morre um amigo, toco no velório dele. Toco também no cemitério e no necrotério. Há pessoas que nos pedem para usar o trompete, que é uma música mais silenciosa. É preciso sensibilidade para tocar em velórios e alinhar o momento certo com o padre ou o pastor.
Quais os tipos de músicas adequadas para funerais?
Tocar em velório é muito pessoal e emocional. Considerando o contexto, músicas de louvores e fé auxiliam a transpor os momentos difíceis da vida. É preciso adquirir um certo conhecimento. Dependendo da música, pode piorar a situação emocional da pessoa. Então, selecionamos canções que não sejam tristes, mas que fornecem consolo.
Como foi a experiência de se apresentar em funerais na pandemia?
Na pandemia, muitos coralistas não puderam frequentar velórios. Eu me apresentava. O que está ocorrendo é que como os integrantes de corais possuem entre 50 a 60 anos, o número de coros em Teutônia reduziu após a pandemia. O município está retomando essa arte incentivando o canto nas escolas.