A chama Olímpica que não se apaga

BUSCA PELO PÓDIO

A chama Olímpica que não se apaga

As Olimpíadas 2024 chegaram ao fim, mas no Vale o espírito dos jogos vive nos jovens que enxergam, no esporte, o caminho para o futuro

A chama Olímpica que não se apaga
Davi tem o sonho de ser atleta olímpico do judô (Fotos: Jéssica Mallmann).

As Olimpíadas 2024 terminaram no dia 11 de agosto, mas o legado que os jogos deixaram pelo mundo  permanecerá por muito tempo. A exemplo, nomes como Júlia Soares e Rebeca Andrade, medalhistas na  ginástica artística, bem como Beatriz Souza e Willian Lima, campeões no judô, permanecem nas conversas da  nova geração de atletas. Entre treinos e competições nas escolinhas do Vale do Taquari, as conquistas das  ginastas e dos judocas inspiram os jovens a perseguirem seus sonhos no esporte.

Davi Alves Canabarro, 8, almeja ser um atleta olímpico. Praticante do Judô desde os 4 anos, o jovem já  coleciona 11 medalhas, conquistadas em competições regionais e estaduais. Para ele, o amor ao esporte e sua  dedicação são essenciais não somente para subir ao pódio, mas também para evoluir nas trocas de faixa, os  níveis do judô. Antes de entrar no tatame, “fico concentrado e muito ansioso. Mas faço três respirações profundas para me ajudar”, revela o pequeno judoca.

Com brilho nos olhos e entusiasmo, Davi conta que acompanhou todas as disputas dos brasileiros no tatame. O que lhe trouxe ainda mais inspiração para continuar na modalidade. Segundo o pequeno atleta, o judô traz lições que podem ser levadas para toda a vida, como o respeito, disciplina, amizades e cuidados com a saúde. E o  incentivo do pai e da mãe faz toda a diferença. “No final das competições, quando sou liberado, saio correndo  para abraçá-los. Gosto muito de ter eles por perto”, afirma com um largo sorriso no rosto.

“Um objetivo mais nobre”

Mestre e sensei de Davi, Leandro Wachholz, 48, pratica judô há 38 anos. Para ele, o fato da modalidade  conseguir o ouro olímpico traz maior visibilidade ao esporte e motiva as pessoas a praticá-lo. Inclusive na  academia onde dá aula, a Associação de Judô de Lajeado – Ajula, houve um aumento na procura por vagas.

“O judô é o esporte que mais trouxe medalhas para o Brasil em Olimpíadas, 28 no total. Nesta edição, em Paris, os judocas conquistaram quatro, inclusive uma de ouro, com Beatriz Souza, oriunda de um projeto social”,  destaca Leandro.

Assim como Davi, o mestre ressalta que o judô oferece ensinamentos que vão além do tatame. Segundo ele,  campeões e atletas de alto nível são vistos pelos jovens como ídolos. Mas como professor, além de ter a  responsabilidade de incentivar o desenvolvimento técnico dos alunos, ele precisa reforçar que o objetivo   principal do esporte é formar seres humanos íntegros, guiados pelos valores do judô e sempre reforçando a  importância dos estudos, para que possam contribuir positivamente na sociedade em que vivem.

“Deixamos claro que o Judô tem um objetivo mais nobre do que formar um campeão ou campeã. É aperfeiçoar o ser humano, mental e fisicamente, para ele viver em sociedade. Até porque, o campeão passa, e o ser humano permanece”.

Benefícios do Judô para crianças e adolescentes

por Leandro Wachholz

  • Melhora no condicionamento físico e na força;
  • Potencializa o raciocínio lógico, paciência e autocontrole;
  • Ajuda em questões como disciplina, lealdade e concentração;
  • Desenvolve a capacidade de analisar a realidade que o cerca;
  • Fortalece a parte espiritual;
  • Aperfeiçoa o reflexo;
  • Proporciona equilíbrio mental;
  • Fortalece a autoconfiança.

Esporte que inspira

Isadora Kamphorst treina desde os seis anos. Para ela, as olimpíadas trazem uma reflexão sobre a necessidade de mais incentivos para todos os esportes no Brasil (Fotos: Jéssica Mallmann).

A ginasta Isadora Kamphorst, 12, conta que acompanhou todas as disputas da ginástica artística durante a edição de Paris 2024. Quando não assistia ao vivo, ela fazia questão de ver os atletas nas reprises. A jovem começou no esporte aos 6 anos, motivada pela irmã mais velha, Nicole, que também praticava a modalidade. Desde então, já participou de várias competições e conquistou medalhas.

“Tenho premiações no Trampolim Duplo Mini, trampolim individual, trampolim sincronizado e solo”, conta  Isadora. Para as competições, ela revela que há muito preparo, mas o apoio da família e da instrutora Amanda  são essenciais para encarar o desafio. “A primeira competição foi em 2019. Eu estava muito nervosa. Mas, ao  mesmo tempo, fiquei bem feliz de estar em uma disputa de ginástica”, afirma.

Para Isadora, acompanhar as Olimpíadas é uma motivação para os seus treinos. Mas a competição também traz uma reflexão sobre a necessidade de mais incentivos para todos os esportes no Brasil. “Eu acho muito legal ver o nosso país no pódio, porque aqui não é como nos Estados Unidos ou na China, em que eles recebem muitos  incentivos. É incrível ver essa conquista delas”.

A jovem conta que não pretende seguir para competições mundiais, a nível das Olimpíadas. Ainda assim, o  esporte é essencial na rotina, não apenas para manter a mente ativa e cuidar da saúde, mas também para  aprimorar aspectos como disciplina e convivência.

Reconhecer os próprios limites

Amanda e Isadora acreditam que o incentivo ao esporte no Vale segue uma crescente

Professora de ginástica e profissional de educação física, Amanda Luísa Henckes, 24, acredita que as  Olimpíadas têm o poder de motivar e entusiasmar todas as pessoas. É fonte de inspiração para aqueles que  desejam evoluir ou mesmo começar um novo esporte. No Vale do Taquari, a ginástica mostra um crescimento significativo e constrói uma trajetória positiva.

“A região é referência na ginástica de trampolim a nível estadual e, com o esforço de todos os envolvidos, o Vale tem a oportunidade de se destacar ainda mais no cenário nacional”, afirma Amanda. Embora reconheça o progresso, ela concorda com Isadora sobre os desafios que o esporte ainda enfrenta.

Hoje há necessidade de mais investimentos em infraestrutura e qualificação dos treinadores. Contudo, as  Olimpíadas oferecem uma oportunidade única de estimular o debate sobre esses investimentos.

“Durante os treinos, eu acompanhava a competição pelo YouTube e chamava os alunos sempre que tinha uma ginasta brasileira se apresentando. Também os incentivei a assistir em casa, passando os horários e locais de transmissão”, conta. Amanda diz que o evento também foi importante para que os alunos pudessem observar as técnicas e explorar outras habilidades. O desafio está em equilibrar as expectativas das crianças, que sonham em chegar ao nível de Rebeca Andrade.

“Sempre ajudo-os a entender que cada pequeno avanço é uma conquista significativa e que o sucesso vem com esforço e persistência. Celebrar as conquistas, por menores que sejam, e aprender com os obstáculos é uma parte essencial do caminho”.

Benefícios da ginástica para crianças e adolescentes

por Amanda Luísa Henckes

  • Desenvolvimento mental, emocional e social;
  • Melhora a coordenação, o equilíbrio, a força e a flexibilidade;
  • Reduz o estresse;
  • Aumenta a autoconfiança e a resiliência;
  • Exige foco e disciplina;
  • Praticado de forma regular, apresenta melhoras no desenvolvimento cognitivo, estimula a memória e a atenção.

Acompanhe
nossas
redes sociais