A herança do amor: o verdadeiro legado da paternidade

DIA DOS PAIS

A herança do amor: o verdadeiro legado da paternidade

Joziel, Jefferson e José Inácio falam sobre a importância de construir laços profundos e transmitir valores que moldam e inspiram gerações

A herança do amor: o verdadeiro legado da paternidade
Fotos: Jessia Mallmann e arquivo pessoal
Vale do Taquari

Entre abraços e conselhos, brincadeiras e momentos de conexão em família, o verdadeiro significado da paternidade se revela. Ser pai vai além da simples criação; trata-se de cultivar vínculos profundos, construir relacionamentos e transmitir valores. Afinal, o maior legado que um pai pode deixar aos filhos não se resume a bens materiais, mas sim ao amor e aos princípios que moldam gerações e servem como exemplo.

Pai de três meninos, o empresário Joziel Ricardo da Silva, 28, faz questão de acompanhar a rotina de Ravi (2 anos), Dante (1 ano) e Olavo (5 meses). Dar banho, fazer a leitura do dia e orar são apenas alguns dos momentos compartilhados com os pequenos todos os dias. “O maior desafio que eu me deparo com a paternidade é o fato de realmente sentir a responsabilidade da educação. Educar eles com princípios, valores e de ser exemplo para eles. Quero que eles consigam ver em nós, como pais, o exemplo daquilo que falamos e ensinamos”, destaca.

Em um mundo cada vez mais conectado e digital, na rotina da família as telas ainda são evitadas e dão espaço para momentos de brincadeiras, diversão e partilha entre os irmãos. Joziel conta que ele e a esposa, Juliane Cassuli, 29, notam diferença no comportamento dos filhos quando os mesmos passam muito tempo nas telas. “O pior de tudo é eles perderem o gosto pelas coisas simples. Eles ficam menos interessados pelos brinquedos e momentos de brincadeira”, conta. “Por isso, sempre buscamos envolvê-los com momentos de leitura em família e orações antes de dormir, para agradecer a Deus pela vida e pelo que temos. Trazer essa reflexão para eles é algo enriquecedor e muito lindo de ver”.

Pai de três meninos, o empresário Joziel Ricardo da Silva, 28, faz questão de acompanhar a rotina de Ravi (2 anos), Dante (1 ano) e Olavo (5 meses). (Foto: Jéssica R Mallmann)

Segundo Joziel, a Fé, integridade e honestidade são valores que ele aprendeu com o pai e pretende repassar estes mesmos princípios aos três filhos.

Um espelho para além do tatame

O tatame é um espaço de aprendizado e disciplina, mas para o instrutor de muay thai Jefferson Santos, 31, é também um lugar onde os laços familiares se fortalecem. Ao lado do filho Nicolas, 9, ele compartilha não apenas técnicas de luta, mas também valores de vida que vão muito além do esporte.

Jefferson conta que a paternidade sempre foi muito desejada e a chegada do filho transformou a rotina. “Quando aconteceu, fiquei muito realizado. Mudou minha vida por completo, porque as decisões não eram pensadas somente em mim. Mudou minha vida para melhor. Não voltaria atrás em nenhuma escolha”, conta.

Jefferson ao lado do filho Nicolas, 9. Compartilha não apenas técnicas de luta, mas também valores de vida que vão muito além do esporte

A jornada do instrutor como pai não foi fácil. Após uma separação, ele enfrentou o desafio de criar Nicolas sozinho até os cinco anos. Na época, eles moravam em Foz do Iguaçu, longe da família. “Foi difícil, tem muito julgamento, até mesmo de amigos e familiares. Vem aquela desconfiança do ‘será que ele vai dar conta?’”, relata.

Para Jefferson, as lições de disciplina, respeito e persistência aprendidas com as artes marciais e com o pai, também instrutor de Muay Thai, foram fundamentais nessa caminhada. Hoje, com a chegada da segunda filha, Valentina, 10 meses, e ao lado da namorada Carine, Jefferson vê a paternidade com um novo olhar e acredita que a maturidade lhe trouxe uma perspectiva diferente. “Vejo o Nicolas acompanhando o crescimento da irmã. Ele tem essa parte de ser amoroso e querer cuidar, algo que sempre fiz com ele. Ver ele fazendo isso com a irmã é muito gratificante”, compartilha.

Jefferson e Valentina

Além disso, Jefferson acredita que, de modo geral, os filhos também são instrutores da caminhada dos pais. A exemplo, durante as enchentes, quando perdeu parte da estrutura da sua escola, o instrutor pensou em desistir. No entanto, foi Nicolas quem lhe deu uma lição de força e resiliência para continuar a caminhada. “Ele entrou na academia e perguntou ‘quando a gente vai começar a limpar?’. Isso foi como uma flechada no coração que me fez acordar”, recorda emocionado.

Mistura de alegria e responsabilidade

Aos 73 anos, o bancário aposentado, José Inácio Arenhart (Zé), tem dois filhos e cinco netos. E entre os valores que aprendeu com o pai na infância e que hoje repassa às novas gerações estão “a família em primeiro lugar; o respeito a tudo e a todos; honestidade sempre e procurar fazer sempre o melhor possível e um pouco mais do que esperam de você”.

Para ele, mesmo que haja inúmeros desafios na paternidade, ser pai e avô é gratificante, uma mistura de alegria e responsabilidade. “À medida que as crianças crescem, as preocupações e cuidados aumentam na mesma proporção. Mas trago de berço uma rotina familiar de muito amor, afeto, ajuda mútua e convivência harmoniosa”.

José Inácio com os filhos e netos

Outro valor que se destaca na família de Zé é a solidariedade. Além de dedicar-se aos seus, o aposentado tem um olhar atento à comunidade. Ele participa ativamente de grupos de serviço voluntário, como o Rotary, onde “pratica o bem sem olhar a quem”. Ensinamento este que também é seguido por seus filhos, que colocam em prática o que aprenderam com o pai.

“Sempre digo que é um privilégio fazer parte desse grupo. E ver a minha filha, por exemplo, fazendo parte do Rotaract me enche de orgulho porque vejo nessa atitude a valorização dos ensinamentos trazidos de casa”.

Entrevista
Juliana Arenhart • filha de José Inácio Arenhart

Uma homenagem especial

Convidamos Juliana Arenhart, filha de Zé, para compartilhar um pouco sobre seu pai, em um gesto que representa uma homenagem a todos os pais do Vale do Taquari. No bate-papo, Juliana nos oferece uma visão íntima e carinhosa da vida e dos valores de Zé, destacando o impacto positivo que ele tem não apenas na família, mas também na comunidade.

Quais valores e ensinamentos aprendidos com teu pai, que você levará para a vida e passará para as próximas gerações?

Acho que o maior valor que nos foi passado é colocar sempre a família em primeiro lugar. A importância do encontro, das conversas e do almoço de domingos. Meu pai sempre foi muito presente na nossa infância, era um pai que brincava, cozinhava, fazia lanche, ajudava nas tarefas escolares… Ele sempre valorizou muito a família e os amigos e, tanto no trabalho quanto no Rotary, sempre se dedica 100% no que faz. Uma vez ele falou uma frase que guardo para a vida: sempre faça 10% a mais do que te é solicitado.

Você sente orgulho dele?

Tenho muito orgulho do meu pai, ele é meu exemplo. Tanto na parte pessoal, quanto no profissional e no trabalho voluntário. Não consigo pensar em nenhum momento da vida em que meu pai não estivesse engajado. Ele sempre gostou muito de estar fazendo algo por alguém.

Há algum momento marcante que representa a relação de vocês de pai e filha?

É difícil escolher um, mas lembro de dois em específico. O primeiro, quando surgiu a oportunidade de eu ir morar nos Estados Unidos para ser babá. Para mim, foi muito marcante porque foi o primeiro corte de cordão umbilical que eu tive. E ele me incentivou demais. Ele juntou dinheiro, comprou a passagem. Fui em 2000 e fiquei um ano. Lembro que na despedida ele me disse: ‘não deixe ninguém te humilhar. Se tu não te sentir acolhida, só volta. A gente vai te buscar’.

E o segundo momento?

Eu me formei em arquitetura. Depois que tive minha primeira filha, em paralelo, abri a minha empresa. No começo, era focada em lembrancinhas de festas, era uma renda extra. Só que chegou em um ponto que o meu complemento de renda estava dando mais certo que a minha formação. E foi muito difícil eu dizer a ele que queria desistir da arquitetura e precisava investir na minha empresa. Foi bem difícil eu fazer ele entender, mas quando consegui mostrar que a empresa me fazia feliz, ele sentiu orgulho de mim e me apoiou. Vejo-o como meu maior incentivador e sei que onde ele pode divulgar minha empresa, ele faz.

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