Entre os vários fenômenos que chamam atenção nas Olimpíadas de Paris, um em especial me intriga e tem até pouca relação com o que acontece dentro dos campos, tatames, quadras e afins. A transmissão do maior evento esportivo do mundo.
Até os anos 1990 a transmissão olímpica era praticamente restrita à televisão aberta. Era até difícil assistir qualquer esporte que não fosse imposto pelos detentores. Depois vieram os canais fechados como ESPN e Sportv e a gama de esportes vistos pelo grande público aumentou. Mais pra frente veio a internet, e a possibilidade de assistir quase tudo.
Pois bem, a Olimpíada de Paris trouxe mais um salto na democratização da transmissão esportiva. Desta vez, o brasileiro pode escolher assistir o evento na Globo, que impõe os destaques brasileiros, no Sportv, com mais de 20 canais e transmitindo praticamente todo o evento na televisão fechada, ou na CazéTV, de graça no Youtube para qualquer pessoa que tiver acesso à internet.
O que mais me intriga, no entanto, é que o brasileiro acha formas de criticar e colocar problema em todas as formas de transmissão, até na de graça. Qualquer passada no Twitter (me recuso a chamar de X) fica evidente. Entre os trending topics nas duas últimas semanas sempre está uma reclamação à Globo, Sportv ou principalmente CazéTV.
A Globo, referência em jornalismo esportivo, entrega uma qualidade absurda, mas há quem reclame que escolha a competição A em detrimento da B, ou até que tenha tentado tornar o seu jornalismo engraçadinho demais. O Sportv, para mim a melhor cobertura, apresenta canais fechados, sem fácil acesso para a maioria da população. A CazéTV, de graça, do seu modo, enfrenta crítica por ser pouco séria e volta e meia se envolve em polêmicas com declarações de pessoas que nem deveriam estar em uma transmissão olímpica.
Eu sou do time que prefere seriedade na cobertura esportiva. Seja para falar no dia a dia, para ouvir na rádio, acompanhar debates na televisão ou assistir canais no Youtube. Mas é a minha preferência. Não quero impor ela a ninguém. Há quem prefira a irreverência e a brincadeira. E está tudo certo.
Hoje, acima de tudo, a Olimpíada é acessível a praticamente todos os mais de 200 milhões de brasileiros. Globo, Sportv e CazéTV, para falar apenas dos detentores de imagem, fazem mais esportes chegarem na casa de mais pessoas, incentivam crianças, aumentam visibilidade dos atletas e consequentemente melhoram o ecossistema olímpico brasileiro.