Sem garantias, bancos barram financiamentos

SOCORRO ÀS EMPRESAS

Sem garantias, bancos barram financiamentos

Empresas com queda de faturamento desde 2023 não conseguem comprovar capacidade de pagamento para acessar fundo do BNDES

Sem garantias, bancos barram financiamentos
Foto: Filipe Faleiro / arquivo
Vale do Taquari

O esperado socorro para indústrias da região tarda em chegar e eleva a apreensão regional, em especial para negócios de médio e grande porte. No Fundo Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a falta de um Fundo Garantidor de Operações (FGO), limita contratos.

“Temos um grupo de empresas com quedas no faturamento desde 2023. Quando é feita a análise, não são considerados os anos anteriores. Como não há como apresentar garantias, os bancos não liberam”, diz o presidente da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), Angelo Fontana.

Na lista de empresas, são pelo menos cinco marcas da região sem acesso aos R$ 15 bilhões voltados às três linhas (reconstrução, compra de maquinários e capital de giro). Entre elas, estão a Granja Bom Frango, de Venâncio Aires, e a Dália Alimentos, de Encantado.

O presidente do conselho administrativo da Dália, Gilberto Piccinini, afirma que a cooperativa tem buscado o recurso com juros menores, mas a resposta tem sido negativa. “Estamos tentando com as instituições financeiras repassadoras. Mas está na mesma. Sem contrato autorizado.”

Em cima disso, Angelo Fontana destaca que a maior barreira tem sido nos bancos públicos (Caixa e Banco do Brasil). Na avaliação dele, seria necessário a oferta de um fundo garantidor do governo federal, como ocorre no programa voltado às empresas do Simples Nacional. “O país poderia entrar como fiador das empresas. Esse é o nosso pedido.”

Os créditos do Fundo Social são destinados para empreendimentos com danos diretos, com juros de 0,6% até 0,8% ao mês. Conforme o Departamento de Clientes e de Relacionamento Institucional do BNDES, os bancos poderão operar contratos com micro, pequenas, médias e grandes empresas, com faturamento de até R$ 300 milhões. Acima disso, o contato é direto com o BNDES.

A lista de instituições financeiras autorizadas tem bancos públicos (Caixa, Banco do Brasil e Banrisul), privados e também cooperativas de crédito (Sicredi, Sicoob, por exemplo).

Entrevista
Maneco Hassen • Secretário executivo do Ministério da Reconstrução

“Eu vou assumir a responsabilidade e dizer quais empresas estão na mancha”

A Hora – O setor produtivo regional solicita um fundo garantidor, como existe no Pronampe, para empresas de médio e grande porte. O governo federal estuda essa possibilidade?

Maneco Hassen – Cada empresa tem um caso específico. Não há como dar uma resposta única para todas. Vemos que os problemas de crédito são diversos. Alguns por histórico, outros por problema no faturamento. Em outras, a situação é a própria burocracia e atuação dos bancos.
Com um fundo garantidor, talvez não seja possível corrigir. O que estamos buscando é fazer o contato direto, tentamos intermediar o contato entre bancos e empresas.

– Empreendimentos do Vale apareceram fora da mancha de inundação. Isso foi corrigido?

Hassen – O problema continua. Esse funcionamento é uma obrigação do governo e admitimos que tem falhado. São dez órgãos públicos para fazer essa análise da mancha. É uma máquina muito pesada. Quando se avança, temos dificuldade em alguém para assinar. Eu vou assumir a responsabilidade e dizer quais empresas estão na mancha. Se precisar dar o aval, vou fazer isso.

– O Ministério da Reconstrução será extinto? Voltarão para Brasília?

Hassen – Não nos dedicamos a esse tema. Nossa posição é que o ministério é necessário e está sendo muito importante. Temos participado dos grandes debates e tentando agilizar todo o socorro necessário. O Congresso vai votar esse assunto em setembro. Não acredito que os parlamentares votarão contra um trabalho voltado para recuperar o Rio Grande do Sul.

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