De um lado, um bairro pujante, com uma mudança de dinâmica cada vez mais evidente. De outro, uma das localidades mais antigas de Lajeado, mas que vive cenários distintos. Enquanto uma parte acompanha o crescimento urbano de bairros vizinhos, a outra preserva características rurais, mas convive com o abandono após uma enchente histórica.
O debate dessa quarta-feira, 31, na Rádio A Hora 102,9, trouxe à tona realidades distintas de um município que busca se reerguer depois da maior catástrofe climática da região. O Alto do Parque, situado numa das áreas mais altas da cidade, tende a crescer ainda mais. Parte do Carneiros também. Por outro lado, a região costeira do Rio Taquari enfrenta o desafio da reconstrução.
Secretário municipal de Obras, Günther Meyer representou o governo de Lajeado no debate para trazer o contraponto aos anseios dos líderes comunitários presentes: o vice-presidente da Associação de Moradores do Alto do Parque, Celso Spielmann, e o morador do Carneiros, Milton da Silva. O empresário Jairo Vallér também participou do encontro.
Soluções ao trânsito
Um dos principais problemas mencionados por Spielmann no Alto do Parque é o trânsito, que apresenta lentidão em determinados horários do dia. Lembra que um dos trajetos alternativos à Univates passa por dentro do bairro.
Também cita as aulas práticas de direção, que são feitas em áreas mais residenciais do bairro, mas que também passam por ruas mais movimentadas.
Uma das soluções seria a construção de um novo viaduto sobre a BR-386 para acessar o bairro. “É inevitável para garantir a fluidez da avenida e isso vai acabar acontecendo”, acredita Spielmann, que cita também o som alto no Parque do Imigrante como um problema muito mencionado por moradores.
“Uma alternativa seria talvez a proibição da entrada com automóveis no local”.
Quanto a iluminação pública, Spielmann frisa que há ruas onde os postes estão com lâmpadas queimadas, criando sensação de insegurança à noite. Conforme Meyer, o problema é frequente em toda a cidade. “Mas o município pretende iniciar a instalação de lâmpadas de led, que devem melhorar a eficiência energética e durabilidade dos equipamentos”.
Dificuldade de acesso
No Carneiros, famílias enfrentam o drama de mais de três meses sem energia elétrica (leia mais nas páginas 6 e 7). Conforme Silva, as pessoas que não tiveram suas casas destruídas pretendem voltar para casa. Mas a falta de luz, bem como as condições precárias das principais vias de acesso impedem o retorno.
“Essa região da cidade foi muito devastada pela enchente. Era uma Lajeado mais rural, com produtores, e onde se via tratores, animais e galpões. Tem agricultor que quer voltar, vai plantar e cuidar da terra dele, mas está gastando R$ 80 em combustível para gerador por dia para seguir plantando, porque as estradas estão muito ruins”, frisa.
Meyer disse compreender as reclamações dos moradores, mas cita que o município direciona atenção e esforços para áreas onde há maior concentração de moradores, em estradas onde passam ônibus e caminhões. “Não há equipamento suficiente para fazer a manutenção de todas as estradas ao mesmo tempo”.
Lembra que a Bento Rosa, outra via que dá acesso ao Carneiros, precisará ser refeita nas proximidades da antiga Associação Atlética. “Mas ainda não há prazo”, antecipa.
Proximidade
Vallér é um entre vários empreendedores que escolheram o Alto do Parque nos últimos anos. A proximidade com a BR-386, a Univates e a presença de parques foram alguns dos motivos que pesaram na escolha. Mais do que isso, no entanto, destaca o movimento crescente no bairro.
“Já se percebe que Lajeado não tem mais muito espaço para crescer. Claro, ainda temos Conventos, São Bento, entre outras áreas também em expansão. Mas acredito muito que o Alto do Parque vai crescer com qualidade. E acreditamos que a concessão dos parques vai trazer mais eventos e maior movimentação para a cidade”, pontua.
Relíquia
Silva elogia o desenvolvimento de Carneiros na parte mais alta, conectado ao Alto do Parque e outros bairros, como Universitário e São Cristóvão, e, em relação a parte histórica, acredita que o futuro passa por planos e ações de prevenção às cheias e dos cuidados com o rio e às margens do Taquari.
“No futuro, vejo que essa região de Carneiros será uma relíquia, que preserva a história de Lajeado, pois ali está uma das origens de tudo no município. Então, é preciso ter atenção com o nosso bairro”.
Debates temáticos
Desde março do ano passado, o A Hora promoveu 18 debates para discutir os problemas, os desafios e os anseios de todos os bairros de Lajeado. Os encontros reuniram líderes comunitários, empreendedores, representantes do governo municipal, especialistas de diferentes áreas e integrantes do Comitê dos Bairros.