Rodoviária luta para se manter após enchentes

ENCANTADO

Rodoviária luta para se manter após enchentes

Estação visa arrecadar valores para realizar uma reforma na estrutura. Situação precária do prédio aumentou consideravelmente com as cheias

Rodoviária luta para se manter após enchentes
Estrutura do espaço é de 230 metros quadrados e contém cinco boxes para ônibus (foto: Matheus Laste)
Encantado

Localizada no centro da cidade, a estação rodoviária do município sempre teve que lidar com a força da água durante as enchentes. No entanto, antes de setembro de 2023, as cheias ocorridas no local não causavam danos tão proeminentes. Agora, com os volumes crescentes do nível do rio, o local se encontra em estado deteriorado. A proprietária Lenice da Rosa Fiel, espera conseguir arrecadar de R$ 40 a R$ 50 mil para realizar as melhorias necessárias no espaço.

Em 2023, Lenice tentou ajuda do governo de Encantado, isso antes das cheias piorarem o espaço de 230 metros quadrados. A ideia suscitada era acordar uma parceria com aluguéis de salas do prédio destinados ao serviço público. Por ser a Terra do Cristo Protetor, o foco do ambiente seria destinado ao trismo. O secretário de turismo na época, Charles Rossner, afirmou que seria necessário ter um novo ponto para a rodoviária para fechar acordo. Lenice procurou novos locais, mas nenhum tinha uma localização adequada como o local atual, situado na Rua Tiradentes.

Desde então essa ideia das salas não teve nenhum novo desdobramento. Em reunião com o chefe da pasta atual, Marcelo Casaril, Lenice disse que o auxílio por parte da prefeitura poderia demorar a vir, ela então decidiu organizar uma “vaquinha” para juntar o montante necessário para realizar uma reforma. Segundo Casaril, a secretaria avalia outras formas de contribuir com a manutenção do ambiente.

Estrutura danificada

“A situação atual é péssima, a rodoviária está toda detonada. Falta vidro, porta, pintura, parte elétrica, reboco e muito mais. E Encantado precisa de uma estação rodoviária” salienta Lenice. Na cheia de setembro de 2023, a proprietária conseguiu tirar tudo que podia do espaço e levou até o seu apartamento, a água alcançou o local e estragou os computadores. “Comprei tudo novo, gastei R$ 16 mil, mas depois pegamos todas as enchentes que seguiram, salvei o que comprei, mas a estrutura vai se desmanchando. O prédio necessita de uma reforma, está bem danificado”, enfatiza.

No local há cinco boxes para os ônibus. Devido às dificuldades logísticas, poucas linhas estão em atuação no momento e em horários limitados. Não há mais bilheteria na rodoviária, com as passagens sendo pagas em dinheiro aos motoristas. “Mantemos as portas abertas para as pessoas usarem os banheiros e sentarem nos bancos enquanto esperam”, acrescenta Lenice. Representantes do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagens (Daer) estiveram duas vezes na rodoviária e estipularam um prazo até primeiro de setembro para a reabertura da rodoviária. Lenice espera começar as melhorias até lá.

Linhas para Arroio do Meio e Muçum seguem em funcionamento, em breve iniciarão um teste para voltar a ter a conexão de Porto Alegre a Encantado. Algumas linhas particulares estão disponíveis, como para Relvado, Nova Bréscia e Roca Sales. “Permitimos que eles encostassem aqui parafacilitar a vida do passageiro, mas não fazem parte da sessãodo Daer”, complementa a proprietária. Com a opção da ponte do exército entre Lajeado e Arroio do Meio, ela espera que logo as linhas retornem 100%. “É a nossa esperança, e de muitas empresas também”, revela.

Foto: Matheus Laste

 

Décadas de história

Moradora de Encantado há mais de 50 anos, Lenice foi casada com Iloni Antonio da Rosa Fiel, que administrou a rodoviária por mais de três décadas. “Depois que meu marido faleceu, o meu enteado assumiu. Há quatro anos, eu assumi para não deixar fechar”, explica. Desde a pandemia, quando Lenice venceu a licitação para administrar o local, o movimento diminuiu. Antes das enchentes, a média era de 6 mil passagens por mês. “Até maio chegamos a ter 9,6 mil passagens mensais, mas agora parou tudo. E mesmo com quase 10 mil passageiros por mês é um valor baixo porque são na maioria viagens curtas, mas claro, era de grande ajuda e conseguíamos fazer dar certo”, salienta Lenice.

A situação financeira é o que pesa para conseguir viabilizar a reforma. Leonice paga aluguel aos enteados e já gastou mais de R$ 10 mil em tintas. Em contato com uma engenheira que está avaliando o espaço, Leonice revela que o valor buscado para a reforma seria de R$ 40 a R$ 50 mil. “Preciso contratar empreiteira, com andaime, o serviço de pintar também, mas tudo está sendo decidido ainda. Uma empresa de Garibaldi já se mostrou disposta a auxiliar, então, acredito que dará certo”, enfatiza a proprietária.

A proprietária da rodoviária, Lenice da Rosa Fiel, junto do local onde antes era bilheteria com parte das tintas compradas para a pintura do prédio (foto: Matheus Laste)

Comerciantes próximos

Os passageiros que chegam à rodoviária se encontram com dois estabelecimentos praticamente dentro do ambiente da estação. São eles o Rodobar e o LuBazar. A proprietária do Rodobar, Rosângela Benini, está no local há 12 anos, e reforça que a situação nunca esteve tão crítica. “Veio a Covid, as enchentes, e quando começamos a nos reerguer veio mais cheias para devastar tudo. É necessário uma ajuda, a população vêm até nós, querem saber como ajudar, quando vai retomar, os horários das linhas, encomendas para retirar, e tudo isso precisa da rodoviária funcionando e não temos as respostas para dar”, aponta.

Proprietária do Rodobar, Rosângela Benin (foto: Matheus Laste)

Segundo a comerciante, mais de 100 pessoas passam pelo local por dia e nenhum tem noção de quão grave a situação se tornou pós-enchente. “E com tudo isso o movimento no nosso negócio diminuiu bastante também, principalmente por causa da ponte que caiu e a grande redução dos ônibus. É difícil manter a lancheria com o que vêm para cá”, informa Rosângela.

Roni Capitanio é o proprietário, junto da esposa, do LuBazar, empreendimento situado ao lado da estação desde 1991. “Nesses mais de 30 anos nunca havia tido algo parecido com o que foi essas enchentes, o prejuízo de todos foi enorme e afetou nossas vidas de uma forma muito direta”, comenta. O comerciante estava atento as informações repassadas pelo rádio e internet e conseguiu tirar todos os pertences do local ante da água o atingir. “Com o fluxo de pessoas caindo drasticamente, o nosso movimento foi bem afetado, mas não teria como ser diferente também. Poucos horários de ônibus impacta em tudo, as pessoas não estão chegando nas cidades, chegam aqui e param na rodoviária”, finaliza Capitanio.

Foto: Matheus Laste

A vaquinha

Os dados da vaquinha online organizada para juntar os valores necessários para realizar as melhorias:

  • Estação Rodoviária Encantado
  • CNPJ: 91.977256.0001-09
  • Sicredi: AG 0136
  • Conta: 53827.5
  • Chave Pix: 51 999331506 (n.º de telefone)

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