Três meses depois, como está o cenário logístico da região

RECONSTRUÇÃO DO VALE

Três meses depois, como está o cenário logístico da região

Obras como a nova Ponte de Ferro permitiram a reconexão de cidades. Avanços na ERS-129 também são visíveis. Na BR-386, ritmo da recuperação de trecho em Pouso Novo são motivo de preocupação. Reportagem faz comparativo dos trechos após a cheia histórica e o estágio atual

Três meses depois, como está o cenário logístico da região
Foto antes: André Conceição / Foto depois: Felipe Neitzke
Vale do Taquari
oktober-2024

Dia 29 de abril de 2024. Um episódio de chuva extrema dá início a maior catástrofe climática já enfrentada pela região. Inundação de rios e arroios, casas arrastadas, bairros destruídos por completo e quase 50 mortes confirmadas. Na infraestrutura viária, pontes levadas pela força da correnteza e estradas devastadas trazem impactos logísticos sem precedentes.

Passados três meses da maior tragédia da história do Vale, o processo de reconstrução está em andamento. Se as prometidas casas populares ainda não saíram do papel, a recuperação de estradas e construção de novas pontes ocorre em diferentes estágios, com algumas obras adiantadas e outras sem avanços.

O movimento mais significativo, até o momento, foi a construção da nova ponte de ferro sobre o Rio Forqueta, numa mobilização da iniciativa privada capitaneada pela Lyall Construtora. A obra reconectou Lajeado e Arroio do Meio, após pouco mais de um mês sem uma ligação direta entre as duas cidades.

Há também avanços notórios, como na reconstrução do trecho da ERS-129, entre Muçum e Vespasiano Corrêa, que fora devastado por conta dos deslizamentos de terra. Por outro lado, algumas obras ainda estão mais arrastadas, como a recuperação da BR-386, na região de Pouso Novo.

Levantamento feito pela reportagem mostra o antes e depois de alguns dos principais pontos da região afetados pelo desastre climático de maio, com destaque para as rodovias e travessias entre cidades.

ERS-332
Encantado/Doutor Ricardo

A rodovia ainda recebe trabalhos de recuperação por parte das equipes do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Nos locais em que houve deslizamentos de encostas e queda de parte da via, principalmente, no trecho do Morro da Guabiroba, as máquinas fazem o trabalho de recomposição do pavimento. O tráfego de veículos já está liberado nas duas pistas, embora haja momentos de pare e siga. A ponte sobre o arroio Jacaré, próximo ao Moinho, também teve sua estrutura reconstruída. A rodovia exige atenção dos motoristas devido à quantidade de buracos e a fraca sinalização da pintura da estrada.

 

 

BR-386
Serra de Pouso Novo

O trecho no quilômetro 297 foi o mais afetado por deslizamentos de terra. Nesse ponto, parte da rodovia foi destruída, o que inviabiliza o fluxo de veículos nos dois sentidos. Durante alguns dias, houve interrupção total no local. Desde a retomada, o tráfego funciona no sistema de pare e siga. No entanto, a lentidão incomoda motoristas e comunidade. Conforme a CCR ViaSul, o restabelecimento pleno das condições ideais da rodovia só deve ocorrer no primeiro semestre de 2025. Até lá, veículos seguirão utilizando a via provisória implantada para evitar a interrupção no trânsito. Os trabalhos para recuperação do trecho ocorrem diariamente na rodovia e, por vezes, em horários noturnos para dar conta da demanda.

RSC-287
Vila Mariante

ANTES (Fotos: divulgação)

DEPOIS

Outra rodovia severamente castigada pelas enchentes foi a RSC-287. Entre as regiões mais atingidas, está a de Vila Mariante, interior de Venâncio Aires. A cheia do Rio Taquari inundou a rodovia, causando destruição da pista em diversos pontos. O estrago só não foi pior do que a ponte na divisa com Bom Retiro do Sul resistiu à força das águas e não houve danos graves à estrutura. Concessionária da rodovia, a Rota de Santa Maria executou uma força tarefa para reconectar os trechos. O restabelecimento do tráfego em Vila Mariante ocorreu pouco mais de um mês após a catástrofe. A reconstrução em definitivo da rodovia, no entanto, só deve ocorrer em 2025. Em meio ao caos, uma informação positiva é de que a duplicação naquele trecho será antecipada, justamente para melhorar as condições de trafegabilidade. Os trabalhos devem iniciar em setembro.

ERS-130 e Ponte de Ferro
Lajeado/Arroio do Meio

ANTES. (Fotos: arquivo)

Depois

As duas pontes que conectavam os dois municípios foram arrastadas pela enchente do Rio Forqueta. Foram quase 40 dias sem uma conexão direta, até que a Ponte de Ferro foi reconstruída pela Lyall, com apoio de outras empresas. A retomada no fluxo trouxe alívio a população, ainda que a passagem de veículos pesados não seja permitida na travessia histórica por conta da limitação de peso. Na ERS-130, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) agiu relativamente rápido para licitar a nova ponte. Com promessa de conclusão antes do Natal, a obra de fato ainda não começou, mas a movimentação de maquinários e trabalhadores no canteiro montado na rodovia é crescente e chama atenção.

BR-386
Lajeado/Estrela

A ponte mais movimentada do Vale do Taquari sofreu com a enchente. A estrutura chegou a ficar submersa no pico da cheia, em 2 de maio. Quando a água baixou, um misto de alívio e preocupação. A ponte seguia lá, mas os danos assustavam. Por conta disso, a liberação do fluxo de veículos ocorreu de forma gradativa. Primeiro, autorizaram a passagem de pedestres. Depois, carros de segurança. Por fim, para todos os motoristas. Somente no fim de junho o fluxo na ponte foi normalizado, após semanas de transtornos e congestionamentos. Também foram necessários trabalhos de recuperação da ponte seca sobre a rua Bento Rosa, em Lajeado, que ficou comprometida após a inundação do rio.

ERS 129
Muçum/Vespasiano Corrêa

ANTES. (Fotos: André Conceição)

DEPOIS

As obras de recuperação seguem em andamento e atualmente estão 40% concluídas. As equipes atuam para preencher o talude com o material rochoso proveniente das detonações para recompor o desmoronamento. As chuvas levaram cerca de 100 metros de extensão, 45 de profundidade, 60 de largura na base da ruptura e 16 metros de pistas de rolamento e acostamento. A recuperação exige a utilização de 109 mil metros cúbicos de rochas, além da instalação de novo pavimento e estruturas complementares para garantir a estabilidade do segmento. O investimento é de R$ 8,84 milhões. A estimativa da Empresa Gaúcha de Rodovias é que a reconstrução de uma das principais vias para o desenvolvimento do Vale do Taquari esteja concluída até o final de agosto.

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