Presos no passado

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

Presos no passado

“Para dirigir um avião qualquer, só se habilita quem é sabidamente competente. Mas para dirigir um país todo mundo se acha capacitado.”
Millôr Fernandes (1923-2012)

Existe uma velha crença no Brasil: a de que o Estado resolve tudo. Por isso ele nunca deve ser pequeno, mínimo então nem pensar. O Estado no Brasil tem ser grande, gigante pela própria natureza.

Por conta disso já tivemos alguns pais da pátria, normalmente figuras carismáticas e populistas cuja figura praticamente se funde com o Estado.

E num passado nem tão distante quase tivemos o primeiro caso de mãe da pátria.

Como sempre acontece, essas figuras sao eleitas ou em ciclos de prosperidade ou vendendo promessas irrealizáveis. O resultado acaba sendo entregar aos ganhadores toda máquina pública, uma força descomunal em um país onde tudo se dá aos amigos e aos inimigos, se dá a lei.

Tanta crença na força do Estado, deveria ao menos dar aos brasileiros o benefício de bem servidos por esse.

Mas não é o que acontece. A educação reúne professores mal pagos e desmotivados com alunos indisciplinados. Uma combinação letal para quem anseia entrar para o primeiro mundo.

A saúde além de sofrer com a demagogia, carece de carreira para os médicos, novos hospitais, equipamentos modernos e de uma remuneração que ao menos cubra as despesas com os pacientes.

Na segurança pública os números falam por si. Quase cinquenta mil brasileiros desaparecem a cada ano vítima da violência. Enquanto isso o Estado mantém presídios em condições desumanas associado à policiais com pouco treinamento e mal remunerados.

Alem disso a infraestrutura de transporte do país está em frangalhos.Tudo isso que citei nos custa caro, quase 40% da riqueza produzida pelo país. É o peso dos impostos diretos e indiretos. E tudo indica que ainda vai aumentar.

Mesmo assim seguimos numa mistura tóxica de corrupção , ineficiência e atraso. Tanto se paga para não termos nem mesmo o básico.

Mesmo assim continuamos a acreditar na necessidade desse Estado obeso, voraz e incompetente.

Quem foi afetado pelas enchentes sabe do que estou falando.

E apesar de tudo seguimos acreditando nos salvadores da pátria. Alguns em Lula, outros em Bolsonaro como vimos recentemente mesmo aqui na região.

Se quisermos ser um país decente e digno, o primeiro passo é cortar as ideias que nos mantém presos ao atraso, a corrupção e ao subdesenvolvimento. E uma dessas ideias é a do Salvador da Pátria.

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