“Não podemos baixar a cabeça. A alternativa é reconstruir”

ABRE ASPAS

“Não podemos baixar a cabeça. A alternativa é reconstruir”

Produtor rural de Picada Felipe Essig, interior de Travesseiro, Eduardo Kunz e a família têm enfrentado grandes dificuldades após a enchente de maio, a maior da história da cidade. Com a elevação do Forqueta, a granja foi destruída e as lavouras ficaram inviáveis. Não bastasse isso, a cidade ficou isolada por conta da queda da ponte e com poucas alternativas de acesso

“Não podemos baixar a cabeça. A alternativa é reconstruir”
Crédito: GABRIEL SANTOS

Qual foi o impacto da enchente em sua propriedade?

O impacto foi devastador. Nossa granja, tinha uma estrutura sólida, foi completamente destruída. A enchente do mês de maio levou nossa produção de suínos e matrizes. Sem a ponte que liga nossa região ao resto da cidade, a dificuldade de deslocamento aumentou exponencialmente. A cidade ficou isolada.

Como a comunidade está se virando nessa situação?

A saída foi construir uma pinguela que possibilitasse a travessia dos pedestres e motociclistas. Tivemos que ceder áreas para criar algum tipo de acesso temporário, mas a dificuldade permanece. Além disso, a situação é ainda mais difícil para nós, porque já vivenciamos algo semelhante em 2010, e agora estamos enfrentando uma repetição desse desastre. Não podemos baixar a cabeça; precisamos encontrar maneiras de seguir em frente e reconstruir.

Como estava a estrutura da granja antes da enchente?

Antes da enchente, nossa granja estava bem estabelecida. Contávamos com 1,3 mil matrizes de porcas e 3,5 mil leitões na maternidade. Produzíamos cerca de 45 mil leitões por ano. Nossa estrutura incluía 10 pavilhões, dos quais apenas um sobreviveu à água. Perdemos 700 matrizes que estavam alojadas nos pavilhões destruídos.

Diante desse cenário, como você planeja recomeçar?

Recomeçar é um grande desafio. Em 2010, tivemos algum apoio, tínhamos reservas financeiras, para reconstruir os galpões, mas hoje a situação é mais complicada devido às altas taxas de juros e à falta de infraestrutura. Sem a travessia adequada, o município está muito isolado. A cidade, que antes tinha fácil acesso a Porto Alegre pela BR-386, agora está distante e o desenvolvimento agrícola se tornou inviável. A ausência da ponte teve um impacto enorme na região.

Como a falta de infraestrutura afetou a qualidade de vida e o desenvolvimento da região?

A qualidade de vida era excelente antes da enchente. Muitos residentes tinham acesso a serviços e desfrutavam de uma vida tranquila. Agora, a situação é desoladora. As pessoas precisam se deslocar até Travesseiro ou Arroio do Meio, atravessando uma pinguela ou buscando alternativas difíceis como a estrada pela Barra do Fão. A cidade perdeu muitas das suas facilidades e a vida tornou-se muito mais complicada.

Em 2010, como foi o retorno e a recuperação após o desastre?

Em 2010, meu pai, Vernei Kunz, foi a Brasília também solicitar apoio dos governos, mas pouca coisa chegou. Nós conseguimos recuperar e reconstruir boa parte dos galpões. Hoje, o cenário é mais complicado devido às altas taxas de juros e à condição das áreas alagadas. As várzeas foram muito afetadas, e a recuperação está sendo lenta e difícil.

O que você espera para o futuro próximo?

Esperamos poder superar essa fase com muita resiliência e esforço. Nosso objetivo é reconstruir a estrutura da granja e retomar a produção. Embora o caminho seja longo e difícil, estamos determinados a encontrar soluções e reconstruir o que foi perdido. Não podemos baixar a cabeça. precisamos lutar para recuperar nossa propriedade e ajudar a região a se desenvolver novamente.

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