Imigrantes foram proibidos de se comunicar em alemão

OPINIÃO | Waldemar Richter

Imigrantes foram proibidos de se comunicar em alemão

A censura ocorreu um século após a vinda deles ao Brasil

Imigrantes foram proibidos de se comunicar em alemão
Lousa era o “caderno” da época: copiava e apagava. (Foto: Arquivo/Memorial Jesuítas Unisinos)

Os imigrantes alemães superaram grandes desafios para colonizarem o Vale do Taquari e, depois de transporem a maioria dos obstáculos, se depararam com um duro golpe: a proibição da língua. A censura ocorreu um século após a vinda deles ao Brasil.

Quando estourou a Segunda Guerra Mundial, na década de 1940, o governo brasileiro impediu as famílias de falar alemão em público por causa do conflito. O decreto nº 1.538, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, lançou um véu de silêncio sobre a língua alemã. O decreto também proibia os imigrantes a se comunicarem em alemão em qualquer ambiente publico e quem contrariasse a regra estava sujeito à prisão.

Devido à restrição, as colônias alemãs do Rio Grande do Sul e do Vale do Taquari foram impedidas de ministrar aulas em alemão. A proibição gerou um problema educacional, pois não havia professores que pudessem alfabetizar na língua portuguesa. Isso fez com que muitas escolas fossem fechadas. Ao mesmo tempo que que foram proibidas as aulas em alemão, o governo não concedeu professores para a educação em português. Nesta época, a escolarização sofre um duro golpe.

Edição de 19/12/1939 do Jornal Deustches Volksblatt, que tinha trechos em alemão e português

Famílias isoladas, sem acesso a outras opções, assumiram a tarefa de ensinar seus filhos em casa, escondendo-se da sombra da perseguição. De fato, prisões aconteceram em Forquetinha, Canudos e no Vale do Taquari.

Neste período, localidades com nomes germânicos foram obrigadas a mudar suas denominações. Em Forquetinha, a localidade de Nova Alemanha se tornou Araguari. Nova Berlim de Forqueta virou Marques de Souza e a Nova Berlim do município de Santa Clara do Sul virou Sampainho.

Essas proibições ocorreram em todo Rio Grande do Sul. Publicações de livros, revistas e jornais na língua alemã, foram encontradas saqueadas e incineradas. A época da perseguição aos alemães no Rio Grande do Sul e Vale do Taquari é um capítulo triste da história regional, sublinhado pela repressão cultural e retrocesso educacional.

7 curiosidades sobre educação até 1940

  1. Até 1940, os imigrantes alemães cuidavam da educação de seus filhos;
  2. As escolas eram construídas e mantidas pela comunidade;
  3. O professor era pago pelos pais dos anos;
  4. A língua portuguesa era a segunda, a primeira era a alemã;
  5. Os alunos usavam uma lousa, ao invés de cadernos para escrever;
  6. Em função do uso da lousa, a atenção e a memória eram fundamentais;
  7. Na colônia alemã, o analfabetismo era de 7%, quando a média brasileira era de 52%.

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