Danos em ferrovias afeta transporte de etanol ao RS

LOGÍSTICA

Danos em ferrovias afeta transporte de etanol ao RS

Pelo menos 80% do combustível destinado ao Estado chega por trilhos. Presidente da Sulpetro critica atuação de concessionária, que deve apresentar diagnóstico até o começo de agosto

Danos em ferrovias afeta transporte de etanol ao RS
Ferrovias possuem importância sobretudo pelo transporte de combustíveis. (Foto: Fábio Kuhn)
Estado

Quase três meses após a catástrofe climática de maio, a condição das principais ferrovias gaúchas permanece preocupante. Inundações e deslizamentos de terra danificaram pelo menos quatro trechos diferentes. Entre eles, a Ferrovia do Trigo, que passa pelo Vale do Taquari. E os impactos logísticos são imensos.

Um dos principais prejuízos causados pela interdição dos trilhos é o transporte de combustíveis. Estima-se que pelo menos 80% do etanol transportado ao RS chega por vias ferroviárias, o que compromete, por exemplo, o abastecimento de veículos e a produção de plástico verde. Hoje, as rodovias se tornaram a única alternativa.

Conforme o presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do RS (Sulpetro), João Carlos Dal’aqua, o custo adicional é “inevitável” e afeta desde as empresas que atuam no setor até o consumidor final. Por isso, frisa que o problema precisa de solução urgente.

“Pela ferrovia, era um custo bem menor. Agora é outra coisa, vindo de caminhão. E quem compra esse combustível é a distribuidora, que vai repassando. E, claro, vai chegando na ponta. Isso é muito ruim para todos nós”, lamenta Dal’Aqua. Segundo ele, é difícil estimar um percentual de aumento no preço do etanol, pois há variações.

Produções fora do RS

Diferente de outros combustíveis, o etanol não tem produção própria no RS. Segundo Dal’aqua, o combustível chega de regiões com o Sudeste e o Centro Oeste de vagão, com um custo muito inferior se comparado ao transporte rodoviário. “E chegava para nós tanto na adição da gasolina quanto no próprio combustível puro”.

Um dos principais motivos de queixa, conforme o dirigente, é a falta de um projeto concreto de recuperação por parte da Rumo Logística, empresa que detém a concessão das ferrovias no RS, ao passo que até mesmo no setor aeroportuário se vê movimentações, após a interdição do Salgado Filho.

“O produto continua vindo, nunca faltou. Mas com outro custo. E a impressão é de que a empresa não estão muito interessada em uma solução rápida. Parece querer se livrar desse problema. É angustiante”, pontua.

Prejuízos ao turismo

Os problemas nas ferrovias gaúchas também prejudica o turismo estadual. Na Ferrovia do Trigo, por exemplo, o projeto Trem dos Vales teve seus passeios de 2024 cancelados em virtude das condições dos trilhos em diversos pontos e sem um cronograma concreto de recuperação dos trechos.

Em entrevista recente à Rádio A Hora, o presidente da Associação dos Municípios para o Turismo da Região dos Vales (Amturvales), Charles Rossner, classificou como uma “grande sacanagem” o silêncio e falta de posicionamento da concessionária sobre o futuro das ferrovias.

Diagnóstico

Até o começo de agosto, a Rumo deve apresentar um diagnóstico completo da situação das ferrovias gaúchas. O acerto se deu em reunião semana passada, com o vice-governador Gabriel Souza. A concessionária afirmou, também que está mobilizada no levantamento e avaliação de todos os danos causados pelas chuvas, e que mantém diálogo com o governo federal e autoridades competentes para avaliação conjunta.

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