“Dou vida à história negra por onde passo como produtora cultural”

ABRE ASPAS

“Dou vida à história negra por onde passo como produtora cultural”

Desde muito jovem, Jaqueline dos Santos, 40, demonstrava profunda paixão pela cultura da região. Hoje, como produtora cultural, ela espalha alegria e conhecimento por todos os cantos do Vale do Taquari. Ela e o amigo Sérgio Rosa, fundaram uma produtora que leva espetáculos ao público escolar e geral, sob temas raciais com temática afro. Neste ano, a dupla foi contemplada pelo edital da Lei Paulo Gustavo, o que lhes permitirá produzir dois curtas-metragens de ficção, com previsão de lançamento para 2025

“Dou vida à história negra por onde passo como produtora cultural”
Jaqueline dos Santos é natural de Santa Cruz do Sul, mas reside em Venâncio Aires há 29 anos. (Foto: arquivo pessoal)
Vale do Taquari

Como iniciou na área de produção cultural?

Desde a adolescência sempre estive na área de produção cultural. Por todos os lugares que passei, construí a profissional que sou hoje. Minha maior motivação foi o autoconhecimento, me compreender dentro de todos os processos pelos quais passei e contribuí. Foi nesta “virada de chave” que saí da CLT para hoje me dedicar 100% à arte. Trabalhar nessa área é um grande desafio. As maiores recompensas são o de poder viver do meu fazer artístico, circular por diferentes regiões, realidades sociais, e, além de tudo, receber por fazer o que amo.

Como é feito seu trabalho?

Meu público principal é o escolar. Tenho um espetáculo teatral chamado Rainha Abayomi, outro de dança afro chamado OKAN Ijó, e uma formação e sensibilização para professores. Estes trabalhos fazem parte de um projeto em parceria com o artista Sérgio Rosa, e todos tem como tema questões raciais. Além disso, também sou instrutora de samba e de dança afro, coreógrafa e oficineira de teatro. Eu e o Sérgio temos uma produtora. Nossos contratos visam desenvolver apresentações para o público dentro ou fora do espaço escolar, pois acreditamos que a nossa arte, com olhar negro, do nosso lugar de fala, é um instrumento que contribui para uma educação antirracista.

Conte sobre o curta-metragem que vocês irão produzir.

Eu e o Sérgio contemplamos no edital da Lei Paulo Gustavo dois curtas de ficção. O meu se chama Quilombo de Heróis, que conta a história de heróis negros cujo poderes fazem referência a elementos da matriz africana. O do Sérgio será OKAN Ijó, que também é ficção e tem como ponto central a dança afro e a intolerância religiosa. Além desses trabalhos na área do audiovisual, também contemplamos nas demais áreas. Temos um ano para executar, e à princípio começaremos a gravar em dezembro, com previsão de lançamento para 2025.

Existe algum projeto que você ainda não realizou, mas que gostaria de explorar no futuro?

Sim. Eu e o Sérgio sonhamos em ter um espaço cultural, com diversidade, cursos, workshops, grupos de estudos, oficinas, dança, teatro, espaço literário entre outras ideias. Um espaço que grite cultura. Poder contribuir com meu fazer artístico para a minha cultura negra, numa região onde existe uma diversidade cultural, mas paralela a ela um índice considerável de racismo, é de grande valor. É gratificante estar com minha arte e meu corpo negro em diferentes espaços, fazendo desse ato artístico contemporâneo um verdadeiro propósito. Me realizo. Me transformo. E dou vida à história negra por onde passo como produtora cultural.

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