O que lhe inspirou a escrever sobre esse tema?
Entre quatro e seis de setembro de 2023 sobrevivemos aos dias mais difíceis de nossas vidas. Nas conversas com as pessoas, alguém comentava que em 1941 houve uma grande enchente, mas não havia registro desse evento. Pensei, é necessário registrar o ocorrido em 2023. Alguns profissionais da área da psicologia vieram de hospitais da capital, e a pessoa que conversou comigo, sugeriu que escrevesse o que estava sentindo, ouvindo e vivendo, pois era um jeito de processar e viver melhor, e assim fiz.
Como foi o processo de escrevê-lo?
Finalizei a escrita, que era registrada na própria agenda de 2023, em janeiro desse ano. Em fevereiro contatei um escritor de Roca Sales pelo Facebook e outro que é meu parente. Os dois me instruíram sobre como prosseguir e como iria reescrever os textos muitas vezes. E realmente, toda vez que voltava eu os melhorava. Um dia liguei para a editora Kadernu’s de Arroio do Meio, pois tinha textos da enchente para uma revisora corrigir. A escrita, os contos de manuscritos da agenda, foram digitados no celular, baixados no notebook e melhorados a cada vez que a eles retornei. Comecei a reescrever, a reelaborar, a escrita ganhou corpo e hoje está aqui em um livro.
O que você espera que os leitores sintam ou aprendam ao ler seu livro?
Que as pessoas saibam, e tenham conhecimento do que aconteceu. Porque depois desse evento, as pessoas começaram a contar que em 1941 houve um evento climático parecido. Uma enchente de grande proporção. Porém, ninguém sabia disso. Então pensei que para o futuro, como eu já trabalho com crianças e atuo na educação, era necessário ter registrado algo. Nem que fosse via contos onde eles não estivessem aquele compromisso com a verdade, já que a minha formação também é literatura. Então isso me levou a escrever e deixar esse legado para as pessoas que ainda nascerão e os pequenos que estão por aí agora.
Se pudesse dar um conselho a escritores iniciantes, qual seria?
Também sou uma escritora iniciante. Este é o meu primeiro livro, embora já tenha alguns textos e poemas em outros livros. Passei a viver momentos muito interessantes e que nunca havia pensado que pudesse. Deixei bem claro que se fosse para escrever o livro, era para fazer algo que fosse valer a pena, com toda a seriedade na questão de correção, para alcançar uma leitura boa para as pessoas. Porém, ela é uma leitura triste. São fatos dolorosos, ao mesmo tempo, em que conta o que o povo fez para superar toda a tragédia. Então, tem os dois lados também. Mas, assim, a satisfação de ser uma escritora iniciante é uma experiência incrível.