Reconstrução envolve o social, o econômico e o meio ambiente

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Reconstrução envolve o social, o econômico e o meio ambiente

Integrantes do Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari se disponibilizam a orientar e discutir ações e projetos para minimizar impactos de enchentes

Reconstrução envolve o social, o econômico e o meio ambiente
Depois da sequência de desastres climáticos, mata ciliar inexiste às margens do Taquari. (Foto: LUCIANE ESCHBERGER FERREIRA)
Vale do Taquari

Quando começou a formação do Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari, depois das enchentes de setembro e novembro de 2023, seus integrantes não previam outro desastre climático de grandes proporções. Em maio de 2024, a região é devastada: mortes, destruição nas áreas urbanas e rurais e um grande impacto ambiental. Motivos de sobra para fortalecer o movimento e arregaçar as mangas. “Não podemos ficar parados ou cada um tentar agir sozinho. Precisamos nos unir, senão as coisas não acontecem”, destaca a professora doutora Elisete Maria de Freitas, coordenadora o Laboratório de Botânica da Universidade do Vale do Taquari – Univates e integrante do movimento.

Em 2023, depois da enchente de setembro, um grupo de profissionais vinculados ao Laboratório planejou dois eventos sobre mata ciliar. Em novembro e dezembro, nas cidades de Encantado e Lajeado, respectivamente. “Na data de novembro, veio outra enchente e não pôde ser realizado. Só fizemos em Lajeado em dezembro”, recorda Elisete. No final do evento, começou uma roda de conversa para levantar as demandas do Vale. “Criamos grupo no whatsapp e fomos abastecendo de informações para o evento da mata ciliar, que só ocorreu em 26 abril em Lajeado” No encontro, foi lida a primeira proposta, e outras pessoas foram convidadas a participar do movimento. “Uma semana depois teve este evento climático.”

Patrícia Aguiar, Mathias Hofstätler, Stefani Fontanive e Elisete Freitas fazem parte do movimento

Motivação

O grupo está motivado a agir no coletivo. Outros setores se unem para recuperar a economia, o social. “Como movimento, queremos que o Ministério do Meio Ambiente esteja aqui como o MAPA (Agricultura e Pecuária), que está se mobilizando,” afirma Elisete. “Não tem como mobilizar o social e o econômico e esquecer o meio ambiente”, completa Patrícia Aguiar, bióloga, presidente do Conselho de Defesa do Meio Ambiente de Arroio do Meio.

Trabalho é voluntário

Patrícia explica que o movimento conta com a participação de profissionais e especialistas em diversas áreas do setor ambiental, além de simpatizantes da causa. Já são 135 integrantes. “Somos uma espécie de assessoria, de consultoria, e queremos participar da tomada de decisões, porque envolve muitas questões técnicas.” Na opinião da bióloga, muitas vezes não se faz um planejamento adequado, não se explora todas as possibilidades. Restaurar o meio ambiente envolve muitas coisas, desde a escolha de espécies, a obra mais adequada. “Queremos sentar, discutir e propor alternativas. Participar do processo de construção, de forma voluntária”, acrescenta Elisete.

Na prática

Administrações municipais, governo estadual, autarquias e concessionárias têm obrigação de planejar e executar obras – cada uma dentro da respectiva legislação e área de atuação. Entretanto, o Movimento Pró Matas Ciliares quer colaborar disponibilizando a expertise de cada integrante. “Escutamos um ministro dizer: vamos construir um parque, onde é o Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul. Nós queremos participar deste planejamento. Querem fazer pista de caminhada. É viável? Vão impermeabilizar o solo?”, exemplifica Elisete. “Se quiserem dragar o rio, será com base em que? Podemos discutir estas alternativas, propor medidas.”

O Movimento quer auxiliar para que não hajam repetições de erros, que se busquem novas tecnologias, materiais adequados e, sobretudo, que não tenha outra enchente com perdas de pessoas, de patrimônio e da natureza.

Educação ambiental

Desde a enchente de setembro de 2023, conforme a professora Elisete Freitas, a dificuldade de conseguir mudar as coisas, de agir incomoda os integrantes do “Não é só adoção de medidas que vai conter processos erosivos, por exemplo, mas a mudança na maneira de pensar das pessoas.”

Para a acadêmica Stefani Fontanive, é necessário levar conhecimento às pessoas para derrubar alguns mitos. “Muitas acreditam que as árvores destruíram as barrancas dos rios, mas não foram. “Como estavam as barrancas, os terrenos próximos das margens? A mata nativa não destrói, ao contrário, protege. Os eucaliptos destroem.”

Conforme Mathias Hofstätler, acadêmico e integrante do Laboratório de Botânica da Univates, educação ambiental é importante, porque possibilidade gerar e formar cidadãos conscientes. “Não é só as crianças que devem receber educação ambiental, também os adultos e as famílias.”

Passos importantes:

  • Em 24 de maio, o Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari divulga a Carta Aberta, documento que aponta ações imprescindíveis, em nível estadual e federal, abrangendo a Bacia Hidrográfica do rio Taquari-Antas e outras.
  • A Univates apoia oficialmente o movimento.
  • A carta é entregue ao presidente Lula, dia 6 de junho, durante visita a cidades atingidas.
  • Administração Municipal de Venâncio Aires aciona o grupo para compartilhar os impactos das cheias e ver possibilidades de encaminhamentos.
  • Acompanhe no Instagram: @movimento_promatas

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