Na colônia alemã, existiam as enigmáticas noivas de preto. Este costume intrigante não estava relacionado à religiosidade, mas sim à cor escolhida.
O hábito de casar-se de preto foi trazido da Europa pelas imigrantes alemãs. O vestido escuro, além de chique, simbolizava respeito às cerimônias religiosas. E, após o casamento, o vestido era reutilizado em outras festividades, tornando-se um traje versátil.
Para as noivas, o vestido preto era motivo de grande orgulho, representando a vestimenta mais importante de suas vidas. Confeccionados com cuidado e esmero, muitos eram feitos pelas próprias noivas ou por costureiras habilidosas da comunidade. Os vestidos eram amplos, permitindo o uso durante a gravidez, e apresentavam detalhes e bordados que realçavam a beleza da vestimenta.
Este seria o vestido mais bonito que usariam em suas vidas. Muitos eram confeccionados mais largos do que o necessário para acomodar a gravidez e receber visitas. A grinalda artificial acompanhava o traje, com detalhes que combinavam perfeitamente.
Uma curiosidade é que muitos desses vestidos, na verdade, eram azul-escuros. Como não existiam fotografias coloridas, as imagens retratavam essas mulheres sempre com vestes pretas, o que deu origem ao nome “noivas de preto”.
Vestidos feitos pelas mães
Há 200 anos não existia tinder, rede social e as festas desempenhavam função de cupido, com a ajuda do principal eletrodoméstico da época: as máquinas de costuras.
Semanas antes do Kerb, as mulheres costuravam seus vestidos. As máquinas alinhavavam vestidos e os sonhos femininos. Eram eletrodomésticos essenciais na casa dos alemães e as marcas Singer ou Kayser eram as preferidas nas mãos de talentosas mães.
Mulheres habilidosas costuravam vestidos, fatiotas, bolsas de tecidos e enfeites. As famílias importavam as máquinas da Alemanha por intermédio de comerciantes de Porto Alegre.
A confecção dos vestidos era, muitas vezes, uma tarefa familiar. As mulheres se reuniam para compartilhar conhecimentos, trocar ideias e ajudar umas às outras.
Mais do que apenas peças de roupa, esses vestidos representavam o desejo das mulheres de se sentirem bonitas e valorizadas na Neue Heimat.
A primeira costureira
Em 1858, Elisabeth Richter foi registrada como uma das primeiras costureiras de Conventos. Ela costurava para a família Richter da época e para os vizinhos da colônia alemã.
Elisabeth era esposa do marceneiro Johann Kaspar Richter. Em alemão, costureira era chamada (NÄherin). Juntos, eles empreenderam e ajudaram a desenvolver a colônia de Conventos.