As estrelas da novela dos créditos às empresas

Opinião

Filipe Faleiro

Filipe Faleiro

Jornalista

As estrelas da novela dos créditos às empresas

As idas e vindas do regramento para os créditos às empresas povoam o noticiário e criam narrativas dignas da dramaturgia. O curioso para o fim desta novela é saber quem são os vilões e os heróis

De um lado, o ministro Paulo Pimenta. Bastião do presidente Lula. O mandatário do Executivo nacional prometeu R$ 15 bilhões pelo fundo social do BNDES com juros nunca vistos no mercado. Largou a “bomba” e fez as equipes do governo terem de criar regras para os bancos. E como é difícil lidar com banco.

A modelagem foi inédita, de fato. No máximo 0,8% por mês, contando o spread bancário (lucro do banco). Inclusive com direito a “recadinho” presidencial ao Banco Central.

Os critérios abertos para todas empresas em cidades com calamidade homologada foram apontados por setores produtivos como algo temerário pela chance de acontecer o que foi visto após setembro passado, quando os recursos foram drenados por negócios em cidades onde não houve inundação.

Neste aspecto vamos para o segundo personagem de destaque. A Federasul, liderada pelo agroempresário Rodrigo Sousa Costa. O alerta do grupo era para crédito destinados aos negócios atingidos de maneira direta (dentro da mancha de inundação) foi uma tônica nas enchentes do ano passado.

Agora é outra observação. As três linhas (reconstrução, compra de máquinas e capital de giro) e a regra mais específica para acesso ao dinheiro só para quem foi atingido mesmo, não é mais suficiente.

A Federasul mostra uma postura de oposição a todas as medidas governamentais. Cabe destacar que nesta novela, há uma nova temporada. As liberações começaram ontem. Os próximos capítulos é saber como está a efetividade dos empréstimos.

Descontentamento

Caxias do Sul, com mais de 400 mil habitantes, ficou com R$ 148,8 milhões em crédito. A cidade foi a segunda em empréstimos destinados às empresas pelo Pronampe Solidário. O que chegou no município da Serra equivale a 82,3% do que as 36 cidades do Vale tiveram acesso (R$ 180,6 milhões).

A discrepância está no nível de prejuízo. Inclusive esse assunto foi tema de debate entre líderes regionais nesta semana. A partir da apuração do A Hora, publicada na terça-feira, cresceu o descontentamento quanto aos critérios para acesso.

Talvez esteja aí a preocupação do governo federal em limitar o acesso aos R$ 15 bilhões. Tomara que esse chegue mesmo a quem precisa.

A história se repete

Governo federal estabelece como critério a “mancha de inundação”. CNPJs serão apresentados aos bancos para dar andamento aos financiamentos com juros menores (Foto: Filipe Faleiro).

Por falar em crédito às empresas. O dinheiro do programa com juros subsidiados e subvenção para empresas do Simples Nacional (faturamento de até R$ 4,8 milhões) esgotou.

Mais das metades dos municípios gaúchos mais prejudicados estão no Vale do Taquari. Do número de vítimas, algo em torno dos 40% também são aqui da região. Porém, quando se avalia o socorro direto para os setores produtivos, menos de 10% dos mais de R$ 1,9 bilhão vieram para cá.

Outro destaque. Pelotas. Informações prévias, apontam que a enchente (alagamento) visto lá na cidade do Sul chegou a no máximo meia dúzia de empresas. Ainda assim, acessaram mais de R$ 100 milhões pelo Pronampe Solidário para “socorrer” micro e pequenas empresas.

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