A maior inundação da história deixou cicatrizes em toda a população. Mais uma vez confirmou o despreparo das instituições públicas e da comunidade em lidar com situações extremas.
Entre as diferentes frentes de trabalho, desde as melhorias no sistema de monitoramento até obras estruturantes, há também o eixo da educação. Neste contexto, surge o Educame. Idealizado pelo Grupo A Hora, o projeto convida os educadores a elevar a consciência coletiva sobre a natureza, impactos da humanidade no planeta e relação das comunidades com episódios extremos.
O projeto foi apresentado na manhã de ontem para prefeitos, secretários de Educação, professores e coordenadores pedagógicos em evento no salão do Tecnovates, na Univates. A iniciativa consiste na publicação de um livro e de uma cartilha para uso em sala de aula. A ideia, diz o diretor editorial e de produtos do A Hora, Fernando Weiss, começou a ser trabalhada no fim do ano passado, após os episódios de setembro e outubro. “Pensamos em dotar a sociedade de conhecimento. Para que os alunos sejam multiplicadores, que repliquem a cultura da prevenção nas famílias.”
O projeto também será apresentado amanhã em Encantado, em encontro na Casa Le Chiavi, na estrada São José, em Linha Garibaldi. Quanto ao kit (livro e cartilha), o lançamento será em um seminário marcado para setembro.
O Educame é uma realização do Grupo A Hora e conta com o apoio da Defesa Civil Nacional, das associações dos municípios do Vale do Taquari (Amvat) e do Alto Taquari (Amat).
“Fazer o que precisa ser feito”
Após a inundação de setembro do ano passado, foi criado um grupo com líderes locais do setor privado, da academia e dos órgãos públicos. Depois do seminário Pensar o Vale Pós-Enchentes, os participantes elaboraram a Carta do Vale do Taquari.
A partir dos apontamentos de especialistas, uma lista de responsabilidades e ações passou a nortear os movimentos locais. Entre eles, campanhas para criar a cultura da prevenção na comunidade regional. “Fazer o que precisa ser feito. Quando temos problemas, é preciso buscar soluções. Lamentar não adianta. Ou nos preparamos, nos orientamos para isso, ou será sempre esse sofrimento a cada inundação”, frisa o diretor executivo do Grupo A Hora, Adair Weiss.
Ferramenta de mudança
A presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat), Cintia Agostini, concorda com a avaliação sobre a importância do ensino. Para ela, não há dúvida que as escolas têm um papel crucial em multiplicar o conhecimento.
“Quando penso em tudo que vivemos, eu me emociono. O Estado e o país não podem esconder. O desastre atingiu diversas regiões, em especial o nosso Vale. Vamos aos números, 40% das vítimas deste último evento são daqui. Mais da metade dos municípios atingidos foram aqui. O que houve nas nossas comunidades, com as famílias, não há como esquecer. Sofremos juntos com tudo que estamos vivenciando.”
Para ela, avançar em propostas de conscientização e ensino é pensar no futuro. “Temos a oportunidade de usar o que aconteceu para sensibilizar as pessoas para criarmos uma consciência sobre o desastre.”
O presidente da Amvat, o prefeito de Bom Retiro do Sul, Edmilson Busatto, parte da mesma prerrogativa. “O projeto é uma ferramenta muito importante para uso nas escolas”, diz. Em cima disso, destaca a importância de mais planejamento nos municípios, de superar planos de governo para se aplicar em planos de cidade.
Na avaliação dele, as comunidades estão despreparadas para episódios extremos e também em termos de educação ambiental. “No próprio saneamento básico. Não se tem uma cultura sobre tratamento do esgoto, ou recolhimento de lixo. Repetimos erros. Só a educação é capaz de mudar”, acredita o prefeito Busatto.
Conheça o Educame
- Objetivo
Auxiliar na consciência coletiva sobre catástrofes ambientais no Vale do Taquari por meio da educação ambiental. - Conhecimento e prevenção
O projeto é idealizado pelo Grupo A Hora (com apoio da Amvat, Amat e da Defesa Civil Nacional) e inclui a publicação de um livro e uma cartilha para uso em sala de aula. - Enfoque regional
Publicações detalham aspectos regionais, como a bacia hidrográfica do Taquari/Antas, com exercícios e práticas para elevar a consciência da comunidade sobre ter o próprio plano de contingência. - Relevância educacional
O projeto busca transformar alunos em multiplicadores da cultura de prevenção nas comunidades e famílias. - Próximos passos
Apresentação do projeto em Encantado, amanhã, às 14h na Casa Le Chiavi, na Estrada São José, em Linha Garibaldi.
O kit (livro e cartilha) serão lançados em seminário regional agendado para 5 e 6 de setembro.