A Bíblia, em seu Antigo Testamento, narra a história da Arca de Noé. Este, um homem horado e de muita fé, foi chamado por Deus para construí-la e nela entrar com seus familiares juntamente com um casal de cada espécie de animal. Mas qual o motivo de tal pedido? O Criador do Universo, após observar o mau comportamento humano, resolveu destruir a Terra, inundando-a, com o objetivo de promover uma ampla renovação do Planeta e de seus habitantes. A embarcação continha três andares e capacidade para levar muita carga, suficiente para salvar a espécie humana e animal da face da terra.
Tal História nos leva à atualidade, pois, diante das variações climáticas ocorridas, a Arca de Noé vem sendo motivo de, no mínimo, meditação e reflexão. O que está ocorrendo com o Universo? Estaria conspirando contra a humanidade? Se sim, qual a razão para essa maquinação? Se não, qual a origem de tantas desventuras e infortúnio? Em efeito, essas ocorrências têm produzido informações (verídicas ou não) sobre a catástrofe socioambiental, emergência ambiental e eventos climáticos extremos, tudo para justificar as intensas chuvas e a consequente destruição do ambiente natural como também o edificado pela humanidade.
De acordo com os cientistas e especialistas em clima, no período de quinze dias, o volume de chuva foi superior a 800 milímetros, quantidade normalmente registrada em cinco meses. Daí a razão para a última invasão das águas superar a marca registrada em 1941, até então uma referência em chuvas e cheias. Esses estudiosos vão além ao colocarem por terra a hipótese de se repetir a história da Arca de Noé, afirmando que essas mudanças climáticas são um fenômeno mundial, resultado do aquecimento global causado por gases do efeito estufa lançados na atmosfera.
Contudo, essa tese pode ser contestada pelo fato de que há milhões de anos ocorreram vulcões e terremotos que resultaram na invasão de gás carbônico na atmosfera, elevando a temperatura e causando extinção de muitas espécies vegetais e animais. Certamente, na época, considerou-se um fenômeno natural, diferente do que ocorre na atualidade, classificado como efeito estufa e citado como a razão para as recentes variações climáticas as quais geram aumento de temperatura, sobretudo pelo excesso de metano provocado pela pecuária, pois bois e vacas (que também estavam na Arca de Noé) comem grama e pasto, seguido da fermentação entérica ou intestinal, que, por sua vez, produz o metano, considerado maléfico à atmosfera.
E agora? O que fazer? Entre longos períodos secos e intensas enxurradas, precisamos decidir se extinguimos o gado ou reorganizamos a infraestrutura para evitar que as águas invadam espaços habitáveis. Penso que a segunda opção representa a melhor decisão, uma vez que ele – o gado- é um importante componente alimentar para a população e não seria justo transformá-lo em bode expiatório da desgraça. Acredito que a decisão de realocar todas as construções ora em áreas de risco e adequar os acessos às necessidades do ser humano, certamente, será a mais acertada.
Além disso, tenho a convicção de que o universo tem espaço para todas as espécies sejam elas humana, animal ou vegetal. O que precisamos é encontrar o ponto de equilíbrio para a convivência pacífica entre elas.