O nível de escolaridade dos trabalhadores, as estratégias de formação continuada, quais cursos considerados mais importantes e a responsabilidade de empregado e empregador na busca de treinamentos. Essas são algumas das respostas disponíveis na 2ª edição da pesquisa RUMO – O Futuro da Mão de Obra.
O projeto idealizado pelo Grupo A Hora se aprofunda na requalificação nas equipes das empresas do Vale do Taquari. A pesquisa aplicada pela Macrovisão apresenta os resultados dos questionários aplicados para gestores, funcionários e pessoas em busca de emprego.
Conforme o diretor editorial do A Hora, Fernando Weiss, diante das mudanças no mundo do trabalho, o diagnóstico tem por objetivo analisar a formação continuada de profissionais e o quanto as organizações dedicam esforços para preparar as equipes. “O projeto é um meio de entregar contribuições para o debate sobre o que é essencial quando se observa a mão de obra da nossa região.”
De acordo com ele, o objetivo do projeto é interpretar as iniciativas do setor produtivo regional e contribuir para o desenvolvimento econômico e social da região. “O RUMO procura sair do empírico e dar evidências. Apresentar dados para que a tomada de decisão dos atores sociais, das instituições de ensino, das empresas e dos trabalhadores, seja mais assertiva.”
O RUMO – O Futuro da Mão de Obra – tem o apoio da ACIL, com o patrocínio de Cascalheira Stone Garden, Colégio Evangélico Alberto Torres (CEAT), Construtora Diamond, Sicredi, Univates, Rhodoss Implementos Rodoviários, Metalúrgica Hassmann, Dale Carnegie, Construtora Giovanella e Tomasi Logística.
Metodologia e objetivo
O coordenador do diagnóstico, o professor aposentado, estatístico e pesquisador, Lucildo Ahlert, ressalta o propósito de conhecer as percepções dos trabalhadores e das empresas do Vale do Taquari sobre a necessidade de treinamentos para qualificar a mão-de-obra e promover um futuro econômico melhor.
De acordo com ele, a metodologia aplicada foi feita por amostragem e separado por cotas, tendo como perfil os residentes urbanos nas cinco maiores cidades da região (Lajeado, Estrela, Teutônia, Arroio do Meio, Encantado), entre 20 a 65 anos, categorizados em gênero, escolaridade e situação de trabalho. Os questionários foram aplicados de 15 de fevereiro a 8 de março de 2024. No total, foram 353 respostas de trabalhadores e 102 de empresas. “Procuramos entender como o profissional que está no mercado ou que busca um emprego enxerga as qualificações ofertadas e o que faz para se preparar. Seja para crescer na carreira ou mesmo almejar outras áreas de atuação. E quanto às empresas, o que esperam para o futuro, como preparam os trabalhadores e quais áreas mais importantes de formação.”
Série de reportagens
A Hora estreia hoje a primeira publicação sobre os resultados da pesquisa RUMO – O Futuro da Mão de Obra. Em um primeiro momento, os dados seriam detalhados em um seminário, marcado para 7 de maio. Devido a catástrofe climática, o evento foi cancelado e o Grupo A Hora modificou a forma de apresentação do estudo.
Foi definida a publicação por meio de uma série de reportagens todos os fins de semana, até 10 de agosto. Nesta edição, a reportagem pormenoriza o perfil dos entrevistados, a metodologia da pesquisa, e a avaliação de empresários e trabalhadores sobre a importância dos treinamentos.
Pesquisa RUMO
Conhecer as percepções dos trabalhadores e de empresas do Vale do Taquari sobre a necessidade de treinamentos para qualificar a mão-de-obra e promover um futuro econômico melhor.
- População-alvo:
Residentes urbanos entre 20 e 65 anos dos municípios mais representativos (Lajeado, Estrela, Teutônia, Arroio do Meio e Encantado). - Amostra:
350 pessoas empregadas ou em busca de emprego.
Método de cotas por idade, sexo e grau de instrução.
Foram consultadas 311 empresas, com 150 questionários enviados e 102 responderam.
A pesquisa foi aplicada entre 15 de fevereiro a 28 de março de 2024.
Perfil dos trabalhadores
Foram 353 entrevistados nas cinco maiores cidades da região
De quem é a responsabilidade pelo treinamento?
As características do Vale do Taquari em termos de produção diversificada, economia dinâmica e oferta de formações fazem com que as oportunidades de trabalho alcancem diferentes públicos em termos de níveis de qualificação.
Entre as empresas, o entendimento é que cursos para performance das equipes são importantes ou muito importantes para 96,1% dos entrevistados. A mesma pergunta aos trabalhadores indica um percentual próximo, de 90,1% no grau de relevância.
“Na nossa equipe, só este ano, fizemos quatro capacitações internas. Colocamos pessoas do nosso time a serem treinadas por outros profissionais e em todos os casos houve melhoria de desempenho”, diz o diretor do Dale Carnegie no Vale do Taquari, Gabriel Garcia.
Para ele, é fundamental alinhar expectativas entre funcionários e gestores, em especial por quem contrata. “Assim se evitam surpresas e queda no engajamento.”
Nos treinamentos internos, conforme a pesquisa RUMO, tanto trabalhadores quanto as empresas consideram que a participação é um critério importante para promoções. Dos números à prática, a diretora da Sulati (empresa de logística e estoque), Liselena Bersch Neumann, destaca como algumas mudanças interferem nas equipes.
“Instalamos novos equipamentos nos caminhões pela manhã. Na parte da tarde, chegou o primeiro pedido de demissão”. De acordo com ela, as inovações e requalificações por vezes não são bem aceitas.
“Fizemos uma série de treinamentos para uso de novas tecnologias e teve quem não aceitou. Precisamos saber lidar com isso, nem todas as pessoas estão de portas abertas e querem acompanhar a evolução”, frisa.
Em cima disso, a empresa criou um sistema de treinamentos. Para além das atividades práticas voltadas ao trabalho na transportadora, também passaram a ouvir o que os trabalhadores desejavam aprender, como uma forma de garantir engajamento e proatividade.
Pelo estudo, a maioria dos entrevistados dirigentes de empresas considera que a responsabilidade pelo treinamento deve ser dividida. Tanto da organização quanto do trabalhador (das 102 respostas, foram 70. Um percentual de 68,6%).
De outra ponta, a maioria dos trabalhadores considera que requalificações e novos treinamentos são atribuições da empresa. Foram 175 afirmações entre 353 entrevistados (49,6%).
EM BUSCA DE TALENTOS
A pesquisa foi feita antes da grande inundação. Conforme o estudo, mais de 58% das empresas pretendem ampliar os negócios nos próximos dois anos. Para tanto, é preciso contratar e investir em profissionais qualificados.
O diretor da Rhodoss Implementos Rodoviários, Nilto Scapin, destaca que a catástrofe traz um risco de êxodo dos trabalhadores. “Precisamos mostrar para as pessoas que o Vale do Taquari continua sendo uma região forte. Que temos oportunidades e condições de garantir qualidade de vida”.
Como forma de atrair talentos e manter um canal de comunicação com candidatos a postos de trabalho, a Tomasi Logística criou um grupo de whatsapp em que divulga oportunidades.
Segundo o coordenador de RH da empresa, André Camilotti, a ferramenta proporciona troca de informações entre motoristas de caminhões. Hoje, conta, estão disponíveis vagas para Motoristas de Carreta, Truck e Rodotrem nas unidades de Estrela, Caxias do Sul, Canoas, Itapecerica da Serra , Betim (Minas Gerais) e Conceição do Jacuípe. Em Estrela, ainda estão disponíveis vagas para Mecânico e Chapeação. No centro administrativo de Lajeado, a empresa procura profissionais para áreas de gestão e administrativas, além de jovem aprendiz.