A caixa preta do Banco Central

Opinião

Filipe Faleiro

Filipe Faleiro

Jornalista

A caixa preta do Banco Central

As declarações do presidente Lula causam alvoroço no mercado. Uma onda de pessimismo a revelia dos números faz o dólar saltar. No centro do embate, algumas narrativas são difíceis de engolir.

Na queda de braço com o Banco Central, em especial com o presidente Roberto Campos Sales, nomeado por Jair Bolsonaro em abril de 2021, se criam ruídos que incomodam os ouvidos sensíveis do investidor internacional.

Para além de falar dos números, cotações, ou de como essa turbulência atinge a economia nacional, por trás das cortinas há uma clara disputa política com olhares para a próxima eleição presidencial.

Especialistas opinam que Lula não pode intervir na autonomia do BC sobre os juros. É preciso ficar quieto, alguns dizem. Porém, o contrário também vale? Campos Neto dá pitaco (e muitos) sobre atribuições e medidas do governo federal. Um peso e duas medidas.

De antemão afirmo. Roberto Campos Sales se desenha como um, quem sabe, nome para o Ministério da Fazenda, para uma possível candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas ao Planalto.

 

Horizonte mais próximo e complexo

Na máquina do tempo da escrita, saímos de um vislumbre sobre outubro de 2026 e voltamos como Mark McFly para 2024. Como similaridade, também é ano de eleição. Nos municípios atingidos pela inundação, qualquer movimento é feito com muito cuidado. Ainda acredito que o correto seria rever o pleito.

Como isso não vai acontecer, cada um que lute pela preferência do eleitor. O que precisa ficar muito claro, a retomada das cidades, da vida das pessoas, dos atendimentos urgentes em termos de socorro ao emprego, renda, moradia e assistência social não pode ser usado para fins políticos/ eleitorais.

A PEC do Estuprador subiu no telhado. E que nunca mais volte!

Nem mesmo os mais fanáticos da extrema direita conseguiram defender o indefensável. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 1904/24 queria equiparar o aborto legal acima de 22 semanas de gestação ao crime de homicídio.

Diante do tamanho da repercussão, os deputados federais da bancada bolsonarista tiveram de recuar. Não conseguiram convencer nem a Damares e nem a Michele. Para se ter ideia do tamanho dessa anomalia, os nobres parlamentares queriam mudar a legislação sobre aborto no país de uma maneira muito atravessada.

Imagina só, oito em cada dez estupros no Brasil acontecem no âmbito familiar ou muito próximo. Muitos em lugares tão afastados do país, que adolescentes precisam se deslocar de estado para conseguir atendimento em algum hospital referência.

São mais de cinco mil municípios. Em apenas 200 existem instituições aptas ao procedimento. Menos de 4% das cidades no país dispõe do atendimento.

Por incrível que pareça, a PEC do Estuprador conseguiu desagradar tanto quem defende a decisão da mulher em interromper gestação em qualquer circunstância quanto aqueles que acreditam que a lei atual é suficiente.

Acompanhe
nossas
redes sociais